Por Geoffrey Smith
Investing.com – Os juros nos EUA provavelmente terão que subir mais do que o Federal Reserve previa, a fim de conter a inflação, declarou o presidente do banco central dos EUA, Jerome Powell, nesta terça-feira (7).
“Os últimos dados econômicos vieram mais fortes do que o esperado, o que sugere que o nível definitivo dos juros provavelmente terá que ser maior do que prevíamos”, afirmou Powell, em um discurso preparado previamente para o Comitê Bancário do Senado, no início do seu depoimento semestral ao Congresso americano.
Além disso, Powell declarou que o Fed pode voltar a realizar altas de juros maiores novamente. Essa seria uma drástica reversão em relação às ações do banco nas últimas duas reuniões, quando cortou o tamanho das elevações das taxas de 75 pontos-base (pb) para 50 pb e depois 25 pb.
“Se a totalidade dos dados indicar que um aperto mais rápido é o mais indicado, estaríamos preparados para aumentar o ritmo de elevação de juros”, afirmou Powell. Ele disse ainda que a política monetária precisará permanecer restritiva “por algum tempo” e que “o registro histórico adverte fortemente contra uma flexibilização prematura”.
Powell fez esses comentários após uma sequência de dados econômicos dos EUA – com destaque para o mercado de trabalho e a inflação – vierem mais fortes do que o esperado em janeiro. Embora os analistas tenham apontado que os fortes efeitos sazonais podem ter favorecido os números gerais, o padrão desestabilizou os mercados, que elevou suas expectativas para a taxa básica “terminal” no atual ciclo para 5,5% nas últimas semanas.
Apesar de levantar a possibilidade de um aumento de 50 pb na próxima reunião do Fed em 16 de março, Powell ainda concedeu ao banco central bastante espaço de manobra, destacando que a instituição “continuaria tomando decisões a cada reunião, levando em consideração a totalidade dos novos dados e suas implicações para a perspectiva da atividade econômica e a inflação”.
O dólar se valorizou com a notícia, já que os participantes do mercado consideraram os comentários de Powell como um convite para especular sobre uma alta de 50 pb na próxima semana. As taxas dos títulos de curto prazo também subiram, mas os rendimentos das treasuries de 10 e 30 anos recuaram, refletindo as implicações de longo prazo do que poderia ser um movimento de volta a um aperto agressivo da política monetária.
Mesmo assim, o Índice Dólar, que compara a moeda americana a uma cesta de divisas de economias avançadas, enfrentou dificuldades para registrar novas máximas importantes. Às 13h de Brasília, o índice avançava 0,71%, a 105,09 pontos. Já o rendimento da nota de dois anos do Tesouro americano subia 6 pontos-base, para 4.96%, nível mais alto desde 2007. No entanto, a taxa de 10 anos recuava 1 pb, para 3,98%. Tradicionalmente, a inversão da curva de juros, em que as taxas de longo prazo ficam abaixo das de curto prazo, é vista como um presságio de recessão.
As ações também empreenderam queda. O S&P 500 recuava 1,04%, enquanto o Dow Jones Industrial caía 0,82% e o índice composto da Nasdaq se desvalorizava 0,75%.