Por Geoffrey Smith
Investing.com – A libra esterlina e os títulos do governo britânico recuavam na quarta-feira, após a primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, não conseguir dissipar as dúvidas quanto à sua capacidade de salvaguardar as finanças do país durante um discurso em uma conferência.
Às 10 h de Brasília, a libra recuava 1,28% contra o dólar, a 1,1326, depois de atingir a máxima intradiária de quase 1,15 mais cedo. Ao mesmo tempo, a taxa do título referencial de dez anos do governo, conhecido como “gilt”, voltou a superar a marca de 4%, pelo fato de Truss reafirmar suas políticas já anunciadas, sem oferecer qualquer detalhe quanto à sua intenção de manter o setor de crédito sob controle.
Os cortes tributários e os subsídios de energia anunciados pelo ministro de economia, Kwasi Kwarteng, ainda devem custar mais de 60 bilhões de libras ao país no próximo ano, mesmo que Truss abandone seu plano de eliminar a alíquota de 45% de imposto de renda para 2% dos contribuintes com os maiores vencimentos.
Analistas criticaram tais planos, dado que poderiam alimentar ainda mais a inflação, que atualmente gira em torno de 10%.
Em seu discurso, Truss tentou ao máximo ressaltar que não deixará a inflação sair do controle. Ela também recuou em relação às ameaças de acabar com o controle do Banco da Inglaterra sobre a política monetária, as quais foram proferidas durante sua campanha para assumir a liderança do partido em meados do ano.
“Eu defendo a estabilidade monetária”, afirmou, dizendo ainda que seu governo “sempre será responsável no âmbito fiscal”.
Em seguida, ela prometeu reduzir a relação dívida-PIB da Grã-Bretanha “no longo prazo".
No entanto, não forneceu detalhes de como pretende fazer isso, a não ser pela via do crescimento econômico.
Rory Stewart, ex-ministro do Partido Conservador durante a gestão de David Cameron, tuitou que, embora o discurso tenha transparecido confiança e estabelecido linha claras de política, falhou em responder as contradições internas nessa lógica, como a eliminação de normas antigas da União Europeia, mantendo, ao mesmo tempo, acesso aos mercados da região, ou o financiamento de grandes melhorias em áreas como saúde e defesa, sem aumentar enormemente o déficit orçamentário.