SÃO PAULO (Reuters) - O Ministério Público Federal e a Polícia Federal deflagraram nesta quinta-feira operação sobre vazamentos de resultados de reuniões do Comitê de Política Monetária em 2010, 2011 e 2012, envolvendo o banco BTG Pactual (SA:BPAC11), segundo as autoridades.
A operação, chamada de "Estrela Cadente", apura o fornecimento de informações sigilosas na época sobre mudanças na Selic por parte da cúpula do Ministério da Fazenda e do Banco Central em favor de um fundo de investimento administrado pelo BTG, de acordo com o MPF.
"Operação conjunta investiga vazamentos...inseridos em contexto de obtenção de vantagens ilícitas mútuas entre banqueiro e agentes públicos do alto escalão do governo federal da época", explicou o MPF.
A investigação foi instaurada a partir de colaboração premiada do ex-ministro Antônio Palocci, sendo investigada a possível prática, entre outros, de corrupção passiva e ativa, além de informação privilegiada e lavagem e ocultação de ativos.
A operação cumpre mandado de busca e apreensão na sede do Banco BTG Pactual em São Paulo. Segundo o MPF, fundo de investimentos administrado pelo banco teria "obtido lucros extraordinários de dezenas de milhões de reais" com o fornecimento de informações sigilosas.
Em nota, o BTG informou que o fundo Bintang FIM possuía um único cotista pessoa física, um profissional do mercado financeiro que também era o gestor credenciado junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), "que nunca foi funcionário do BTG Pactual ou teve qualquer vínculo profissional com o banco ou qualquer de seus sócios".
O banco afirmou ainda que exerceu apenas o papel de administrador do fundo, sem ter qualquer poder de gestão ou participação nos negócios.
As units do BTG Pactual, que chegaram a cair 10% após a divulgação da notícia, exibiam às 12h11 queda de 2,5%.
O período mencionado na operação abarca tanto as presidências de Henrique Meirelles à frente do Banco Central (2003 a 2010, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva), quanto de Alexandre Tombini no comando da autoridade monetária (2011 a junho de 2016, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff).
Procurado, o BC não se manifestou. Os detalhes do inquérito policial seguem sob segredo de justiça.
(Por Camila Moreira, reportagem adicional de Marcela Ayres, em Brasília, e Paula Arend Laier, em São Paulo)