Por Marcelo Teixeira
(Reuters) - Os cafezais do Brasil, maior exportador mundial de café arábica, parecem muito saudáveis após as condições climáticas favoráveis deste ano e estão a caminho de uma excelente safra em 2024, mas há desafios pela frente devido à esperada influência do evento climático El Niño, disseram especialistas nesta quinta-feira.
Durante uma conferência organizada pela Cooxupe, a maior cooperativa de café do mundo e principal exportadora de café do Brasil, os meteorologistas e agrônomos apresentaram suas visões sobre a situação dos cafezais arábica do Brasil, observando o potencial para a produção do próximo ano.
Em geral, eles veem as plantas em muito boas condições, com muitas folhas e potencial para produzir mais em 2024, mas a perspectiva de chuvas antecipadas e frequentes no segundo semestre -- uma das características do El Niño para o centro-sul do Brasil -- pode prejudicar a qualidade da nova safra.
"Observamos um crescimento da vegetação muito bom, com muitos ramos se desenvolvendo", disse José Donizeti Alves, professor de agronomia da Universidade Federal de Lavras (UFLA).
Mas ele acrescentou que espera-se que o clima seja mais úmido do que o normal, o que pode resultar em uma floração precoce e várias subsequentes, desenvolvendo frutos de forma desigual e amadurecimento desigual.
Marco Antonio dos Santos, sócio da empresa de previsão agrometeorológica Rural Clima, disse que o El Niño costuma trazer chuvas mais recorrentes para o cinturão do café arábica brasileiro (Estados de MG e SP).
Ele acredita que a perspectiva de mais umidade trará várias florações a partir de agosto, sendo que a maioria delas tem potencial para gerar frutos, resultando em cerejas em diferentes estágios de desenvolvimento nas plantas.
Isso geralmente prejudica a qualidade, pois na época da colheita o agricultor colhe cerejas verdes, maduras e também aquelas que já passaram do ponto de maturação.