BRASÍLIA (Reuters) - A secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Tatiana Prazeres, disse nesta terça-feira que as negociações entre o Mercosul e a União Europeia para chegar a um acordo comercial continuam, depois de dúvidas recentes sobre o estado das conversas.
Os comentários de Prazeres, feitos em coletiva de imprensa para apresentar o balanço do Grupo de Trabalho de Comércio e Investimentos do G20, vieram depois de mais cedo a Comissão Europeia ter dito que continua a buscar um acordo comercial com o Mercosul.
Na segunda-feira, o gabinete do presidente francês, Emmanuel Macron, havia dito que a UE teria encerrado as negociações. Em resposta a esse posicionamento, Prazeres disse que "não ignoramos a dimensão das discussões políticas na União Europeia, mas o Mercosul negocia com a Comissão, e não com os países membros".
A resistência da França a um tratado vem em meio a protestos de agricultores franceses contra importações de alimentos da América Latina -- especialmente carne bovina, que afirmam não atenderem a regras da UE -- e contra o acordo com o Mercosul.
Na segunda-feira, no entanto, fontes europeias e brasileiras que acompanham as conversas já haviam antecipado à Reuters que as negociações foram retomadas na semana passada e devem seguir pelos próximos meses, apesar da resistência da França.
Segundo as fontes brasileiras, as negociações continuarão nos próximos dias para resolver questões pendentes, especialmente do lado brasileiro. Uma delas é o cronograma para redução de tarifas de importação para carros elétricos. A outra, mais complexa, é um sistema de conciliação para resposta à lei antidesmatamento aprovada pela UE.
O Brasil quer a criação de um instrumento de conciliação no caso de a UE invocar a lei e suspender importações de produtos agrícolas acertadas no acordo, assim como o direito de reduzir as cotas europeias se tiver suas exportações cortadas.
Na coletiva desta terça-feira, Prazeres, do MDIC, disse que o Brasil está preocupado com o risco de "protecionismo verde" no mundo e que o tema poderá se tratado nos debates do G20.
(Reportagem de Marcela Ayres)