Investing.com - Eoin O'Callaghan, estrategista macroeconômico da Wellington Management, explica que "o recente aumento da tensão financeira nos EUA e os sinais de que o ciclo de aperto do Fed está chegando ao fim levantam a possibilidade de uma divergência econômica cada vez maior entre os EUA e o resto do mundo. Para a Europa, as principais questões são se e por quanto tempo o ciclo monetário e a política da zona do euro divergirão dos EUA".
"Os bancos europeus parecem resilientes em termos relativos. Embora precisemos ficar atentos ao risco de maior estresse financeiro, os bancos europeus parecem relativamente fortes em relação aos bancos dos EUA no lado do balanço patrimonial, onde há menos concorrência estrutural para os depósitos de fundos do mercado monetário", observa O'Callaghan. "Do lado dos ativos, o BCE, e não o sistema bancário, tem sido o principal absorvedor da oferta de títulos públicos, absorvendo 100% da emissão líquida de títulos públicos na última década", acrescentam.
As evidências de um núcleo de inflação forte e cada vez mais arraigado continuam a se acumular", alerta o especialista. Ele acrescenta: "O BCE poderia aumentar as taxas por mais tempo, com um consequente risco de alta para os preços de mercado. A decisão do BCE de reduzir o ritmo de aumento das taxas de juros para 25 pontos-base em sua reunião de maio mostra certa sensibilidade à recente desaceleração do crescimento do crédito e aos riscos associados ao estresse financeiro recente. Entretanto, suas próprias previsões são consistentes com uma taxa terminal de até 4%, e os riscos para essas projeções estão, em nossa opinião, inclinados para o lado positivo".
Além disso, de acordo com O'Callaghan, "se as tensões financeiras se intensificassem, haveria um aperto não induzido pela política. Entretanto, na ausência de um cenário adverso como esse, é provável que o BCE continue a normalizar as taxas até o outono.
"As taxas reais também sugerem um risco de alta para o grau de aperto que o BCE deve realizar. Como pode ser visto no gráfico abaixo, deflacionado pelas expectativas de inflação ao consumidor de médio prazo, as taxas reais são de apenas 0,35%, bem abaixo do nível equivalente de 2% nos EUA", acrescenta.
"Em suma, os investidores devem se preparar para a continuidade da divergência, com implicações variadas para os preços dos ativos na zona do euro e fora dela", conclui o estrategista da Wellington Management.