Violeta Molina.
Redação Central, 1 set (EFE).- O carismático Steve Jobs deixou a Apple, o Google comprou a Motorola Mobility Holding, a HP dividiu sua unidade de computadores e abandonou a batalha dos tablets... Em agosto, o hemisfério norte está de férias, com exceção dessa mina de ouro chamada Vale do Silício.
A região californiana que viu nascer empresas do tamanho de Apple e Microsoft viveu um agitado mês de acordos, rumores, compras, denúncias e renúncias que mudaram o tabuleiro de xadrez tecnológico mundial.
Todo cuidado é pouco na hora de divulgar grandes notícias: são estudadas as palavras, a melhor hora do dia para que o impacto nas bolsas de valores seja positivo e inclusive o reduzido grupo de pessoas que tem acesso à informação antes para evitar filtragens e rumores.
As surpresas de agosto começaram com a já conhecida "guerra das patentes": o Google acusava Microsoft, Apple e Oracle de orquestrar uma "campanha hostil" contra o Android mediante a aquisição de patentes que pudessem frear o sucesso do sistema operacional - o que era reconhecido de forma implícita na companhia criada por Bill Gates.
Para devolver o golpe, e de quebra deixar meio mundo boquiaberto, o Google anunciou a aquisição por US$ 12,5 bilhões da divisão de celulares da Motorola, em uma manobra que torna o gigante informático dono de um ingente número de patentes e abre a possibilidade de se transformar em um novo fabricante de dispositivos móveis.
O Google teve tempo ainda para lançar sua rede social, Google+, e assinar um acordo de paz com a editora francesa La Martinière para a digitalização de seus livros esgotados após disputa judicial.
Para não perder fôlego frente às novidades do Google+, o Facebook introduziu mudanças para dotar o usuário de mais controle sobre seus conteúdos, especialmente sobre quem pode acessar cada informação.
Se a manobra do Google e da Motorola aponta para uma reestruturação do mercado da telefonia celular, e talvez uma nova página na história da televisão on-line, os eventos ocorridos em torno da Apple nas últimas semanas puseram o setor de pernas pro ar.
A notícia tecnológica do verão, e provavelmente do ano, foi a renúncia de Steve Jobs. Todos olharão agora com lupa para a evolução da empresa sob as ordens do executivo Tim Cook e sem o talento de Jobs e suas invenções revolucionárias.
Antes de sua saída, a Apple conseguia superar no pregão durante alguns minutos a Exxon Mobil e se transformava na empresa mais valiosa do mundo em termos de valor de mercado.
Aos bons resultados econômicos foram somadas as decisões judiciais na Alemanha, Holanda e Austrália que lhe davam a razão em sua disputa particular com a Samsung.
A Apple assegura que a empresa sul-coreana, segundo fabricante mundial de telefones celulares, copia em sua linha de smartphones e tablets o design e as funções do iPhone e do iPad.
Em um primeiro momento foi paralisada a distribuição do tablet Galaxy Tab 10.1 nos países da União Europeia, mas depois a proibição se limitou à Alemanha. Além disso, um tribunal holandês ordenou a paralisação, a partir do próximo dia 13 de outubro, da venda de três smartphones.
A Apple também foi favorecida pela virada da Hewlett-Packard, que abandonou a produção dos tablets TouchPad, concorrente do iPad, apenas algumas semanas após seu lançamento.
A HP, líder mundial no mercado do PC, reconheceu além disso que pretende deixar de lado o negócio de computadores para se concentrar no mercado do softwares. Os rumores sobre possíveis compradores não cessam: Samsung - que apressou em desmentir -, Lenovo, Acer e Asus.
O mês de agosto mal terminou e mudou o universo da tecnologia para sempre. EFE