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ANÁLISE-Investidor mantém projeções para dólar apesar de risco fiscal e Fed

Publicado 13.08.2021, 17:38
© Reuters. Funcionário do banco Korea Exchange conta notas de dólares dos EUA na sede da instituição em Seul
28/04/2010
REUTERS/Jo Yong-Hak

Por José de Castro e Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O recrudescimento de temores fiscais domésticos voltou a pressionar o dólar para cima nas últimas semanas, mas por ora analistas têm evitado de forma geral alterar as estimativas para a taxa de câmbio, prevendo algum alívio nas tensões em Brasília e também citando efeitos dos juros mais altos e dos preços das commodities.

Entre a mínima de 29 de julho e a máxima de agosto (do dia 9), o dólar futuro acumulou alta de 5,4%, com a moeda saindo de 5,04 reais para pouco acima de 5,31 reais. Aos preços desta sexta, a valorização ainda é de 4%, com a taxa de câmbio em torno de 5,23 reais por dólar.

As renovadas preocupações com as contas públicas vieram à tona em 30 de julho, depois de o ministro da Economia, Paulo Guedes, dizer que a equipe econômica havia verificado desde o ano passado aumento atípico de uma outra despesa pública que poderá demandar uma reação por parte do governo. Posteriormente, divulgou-se que esse gasto era referente aos precatórios, que somariam em torno de 89 bilhões de reais para 2022.

O ministro, então, propôs parcelamento dos pagamentos sob certos critérios, o que liberaria espaço no Orçamento para acomodar um Bolsa Família turbinado --numa estratégia do governo Bolsonaro para recuperar popularidade, já de olho nas eleições de 2022.

A proposta sobre os precatórios, contudo, foi bastante mal recebida por investidores, com alguns avaliando que se tratava na prática de uma pedalada fiscal. Paralelamente, o governo continuou insistindo num Bolsa Família de valores maiores, com um aumento mínimo médio de pelo menos 50% no benefício.

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Além disso, os textos da reforma do Imposto de Renda também causaram estresse nos preços dos ativos, já que implicam menor arrecadação pelo governo, o que também ocorreria com um novo Refis aprovado pelo Senado. A Câmara dos Deputados adiou para a próxima terça-feira a votação do projeto que altera regras do IR, o que na véspera deu gás à alta do dólar.

Profissionais de bancos e gestores concordam que os eventos recentes adicionam um elemento de risco, mas ponderam haver expectativa de algum desfecho menos custoso à percepção fiscal e aos cofres do governo.

"Acho que até lá vai haver um refresco nessas preocupações de agora; não é algo para daqui a uma, duas semanas, mas deverá acontecer, e os fluxos de dólar seguem fortes", afirmou Victor Scalet, estrategista macro da XP.

Scalet disse que a equipe da casa se reuniu na quinta e decidiu manter a previsão de dólar a 4,90 reais ao fim do ano, o que implicaria queda nominal de 6,3% ante os patamares atuais.

O Rabobank vê uma taxa mais alta ao fim do ano, de 5,15 reais, mas manteve premissas que ajudariam a evitar uma depreciação extra do real. Essa cotação embute recuo de 1,6% do dólar desta sexta até dezembro.

Os estrategistas Maurício Une e Gabriel Santos acreditam que o Congresso manterá os debates sobre reformas estruturais até o fim deste ano, o que amenizaria a percepção de risco em outras frentes. A melhora dos termos de troca e números de conta corrente benignos também trabalham a favor da taxa de câmbio, que deve terminar 2022 em 5,20 por dólar, de acordo com o Rabobank.

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Selic para cima

Os juros mais altos são um importante componente na conta de um real menos pressionado, a despeito dos barulhos político-fiscais. O Banco Central voltou a subir as taxas em março, e desde então a Selic saiu de uma mínima histórica de 2% ao ano para 5,25%, com o BC adotando um discurso cada vez mais duro com a inflação e deixando claro que o juro subirá acima da taxa neutra nominal, estimada atualmente no mercado entre 6,5% e 7%.

Com isso, aumentaram os retornos do real. A taxa embutida em contratos de NDF de um ano --instrumento bastante utilizado por estrangeiros para posicionamento na taxa de câmbio brasileira-- já roda a casa de 7% ao ano, contra 3,5% do começo de 2021 e acima dos rendimentos pagos por contratos similares de moedas emergentes pares.

"Vamos ter de esperar o BC continuar fazendo o seu trabalho bem-feito, engrossar o discurso de perseguir a meta. Isso (correção no juro real) vai acontecer em algum momento, e aí teremos o diferencial de juros jogando a favor da nossa moeda", afirmou Gustavo Menezes, gestor macro da AZ Quest com foco em câmbio.

Menezes entende que os "barulhos políticos e fiscais" não devam se sobressair aos "fatos" (uma política fiscal mais austera) e, por isso, ainda mantém posições favoráveis ao real contra o dólar e uma cesta de pares, embora em tamanho menor do que antes. Assim, a equipe de análise macroeconômica da AZ Quest mantém prognóstico de dólar a 4,80 reais ao fim de 2021 e de 2022 --queda de 8,3% ante a cotação negociada nesta sexta.

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Em revisão de cenário divulgada na quinta-feira, o Itaú Unibanco (SA:ITUB4) manteve prognóstico de que o dólar fechará 2021 em 4,75 reais em 2021 e 2022 em 5,10 reais. "Reconhecemos, no entanto, que os riscos para esse cenário de apreciação cambial aumentaram em linha com o aumento das preocupações fiscais", disse o banco em relatório.

Por ora, o Citi segue vendo dólar de 5,32 reais ao término de dezembro, com a cotação indo a 5,40 reais no encerramento de 2022. Mais conservador, o Société Générale (PA:SOGN) mantém previsão de taxa de 6,00 reais ainda neste ano, com o real pressionado pelas incertezas domésticas.

Veja a distribuição de frequência das projeções para a taxa de câmbio na pesquisa Focus:

Risco FED

Algumas casas, contudo, fizeram ajustes nas expectativas para o dólar, considerando também fatores externos.

É o caso do BTG Pactual (SA:BPAC11), que passou a apostar num dólar a 5,00 reais ao fim de 2021, contra projeção anterior de 4,90 reais. O banco apontou, além do ruído fiscal doméstico, sinais de que o banco central dos Estados Unidos está intensificando o debate sobre uma redução de seu programa de apoio à economia.

Com esse pano de fundo, o BTG enxerga um dólar fortalecido ao redor do mundo nos próximos meses, o que segundo o banco pode se estender ao mercado de câmbio no Brasil. O índice do dólar se aproximou na véspera de máximas em quatro meses.

Pesquisa da Reuters com economistas mostrou que a maioria dos entrevistados espera que o Fed anuncie redução de seu estímulo em sua reunião de setembro e comece a cortar as compras efetivamente já no primeiro trimestre do ano que vem. Isso poderia afetar ativos emergentes, já que na prática se traduziria em menor liquidez.

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"A busca por ativos de mercados emergentes é algo natural em momentos (de ampla liquidez), e, por mais que o Brasil não deslumbre nenhum investidor estrangeiro, nossos 'concorrentes' também passam por momentos turbulentos", disse a RB Investimentos em relatório assinado pelo estrategista Gustavo Cruz, apontando ambientes geopolíticos e econômicos complicados no México, na África do Sul e na Turquia.

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