Por Ambar Warrick
Investing.com—A libra esterlina se recuperava desde as mínimas recordes de terça-feira, enquanto as taxas dos títulos britânicos seguiam em alta, com o foco dos operadores agora voltado às possíveis ações monetárias do Banco da Inglaterra, a fim de estabilizar os mercados locais de câmbio.
A moeda do Reino Unido subia 1,16% frente ao dólar às 8:45 de Brasília, para 1,0810, após afundar até a mínima recorde de 1,0327 na segunda-feira. A forte queda da divisa britânica se deveu principalmente a preocupações em relação ao novo plano de cortes de impostos.
O novo ministro da economia do país, Kwasi Kwarteng, revelou, na semana passada, o maior pacote de redução de tributos em 50 anos no Reino Unido, o qual, ao que tudo indica, será financiado por emissões de dívidas. Mas os operadores levantaram questionamentos quanto à sustentabilidade da proposta, considerado que o país enfrenta uma desaceleração do crescimento e um déficit duplo do governo.
A proposta de Kwarteng foi uma tentativa de respaldar a atividade econômica, que enfrenta dificuldades em razão da alta da inflação e dos juros. Mas a proposta também ameaça aprofundar os gastos fiscais que já estão em níveis bastante elevados.
Na segunda-feira, o presidente do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, tentou acalmar os mercados, declarando que a instituição elevaria os juros tanto quanto fosse necessário na próxima reunião. Mas os comentários não contribuíram muito para alçar a libra, na medida em que afastou a possibilidade de o banco realizar um aumento emergencial das taxas.
O Banco da Inglaterra elevou os juros em 50 pontos-base na semana passada e sinalizou que viria um aperto maior pela frente. Mas a desvalorização recente da libra pode fazer com que a autoridade monetária eleve consideravelmente o ritmo de alta dos juros.
“Tudo indica que os mercados estão concedendo à libra o benefício da dúvida por enquanto, mas quaisquer equívocos serão severamente punidos, dado que o governo pode não esperar até novembro para implementar o novo plano”, afirmaram analistas do ING em nota.
Os analistas também especularam a respeito de diferentes métodos pelos quais o governo britânico poderia respaldar a libra. Ainda que uma elevação emergencial de juros tenha sido descartada, aumentou a possibilidade de o governo recuar em relação à proposta de cortes de impostos.
Outra possível resposta é a redução do aperto quantitativo do BC inglês, particularmente diante do aumento das taxas dos títulos britânicos acima da máxima de uma década.
Os analistas também consideraram a possibilidade de intervenção do governo nos mercados cambiais, tal como fez o Japão na semana passada. O governo britânico pode ainda abrir linhas de swaps de dólar ou uma linha de crédito flexível com o Fundo Monetário Internacional.