Megaoperação policial dá ao governo argumento para retomar aperto a fintechs que gerou crise do Pix
Por Anne Kauranen
HELSINQUE (Reuters) - A escalada de ataques do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Federal Reserve pode ter efeitos substanciais e globais sobre os mercados financeiros e a economia real, incluindo o aumento da inflação, disse o membro do Banco Central Europeu Olli Rehn nesta quinta-feira.
Questões sobre a independência do Fed surgiram este ano quando Trump criticou repetidamente o chair Jerome Powell e, na segunda-feira, anunciou que estava demitindo uma de suas diretoras, Lisa Cook.
"Se a independência do banco central realmente desmoronar e o Federal Reserve começar a tomar decisões com base em outros princípios que não os da política monetária sólida - por exemplo, porque o presidente exige taxas de juros mais baixas - a consequência inevitável seria o aumento da inflação", disse Rehn em um painel de discussão sobre democracia realizado em Turku, na Finlândia.
O presidente do Banco da Finlândia disse que Trump exerceu uma forte pressão sobre o Fed para reduzir os juros por um bom tempo, apesar de sua independência ser um princípio inviolável desde o início da década de 1980.
"Agora, porém, esse princípio está oscilando muito. Isso pode ter efeitos substanciais e globais sobre os mercados financeiros e a economia real", disse Rehn.
Ele considerou improvável um movimento semelhante na Europa graças a instituições fortes, embora tenha dito que a pressão poderia "transbordar" pelo Atlântico através de certos países e dos mercados financeiros.
Os europeus devem tomar medidas para aumentar a confiança global no euro como moeda segura a fim de evitar uma deterioração semelhante da autonomia do banco central na Europa, disse ele.
"Não é mera coincidência o fato de a inflação da zona do euro estar agora na meta de 2% - isso está de fato ligado à tomada de decisão independente do banco central", disse ele.
A hegemonia global do dólar como moeda de reserva tem se mostrado resistente e, portanto, Rehn disse que considera improvável seu rápido enfraquecimento.
"Digo isso, no entanto, com uma ressalva importante: se as bases institucionais do dólar desmoronarem - estou me referindo aos princípios do Estado de Direito e da democracia, bem como das liberdades civis - poderemos nos encontrar em uma situação diferente."
Embora o crescimento da zona do euro tenha se mostrado mais resiliente do que o esperado, Rehn disse que a inflação deverá ficar abaixo da meta de 2% no curto prazo, devido à energia mais barata, ao euro mais forte e à desaceleração da inflação de serviços.
"No Conselho do BCE, estamos monitorando de perto a situação econômica e estamos prontos para agir, se necessário", disse Rehn.
(Reportagem de Anne Kauranen em Helsinque)