Dólar segue exterior e cai ante real após novas ameaças de Trump

Publicado 02.06.2025, 17:09
Atualizado 02.06.2025, 17:40
© Reuters. Notas de dólarn03/12/2018. REUTERS/Akhtar Soomro

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As preocupações sobre a política comercial dos Estados Unidos, após o presidente norte-americano Donald Trump fazer novas ameaças tarifárias, foram o gatilho para a queda do dólar ao redor do mundo nesta segunda-feira, inclusive no Brasil.

O dólar à vista fechou em baixa de 0,81%, aos R$5,6740. No ano, a divisa dos EUA acumula perdas de 8,17% ante o real.

Às 17h06 na B3 (BVMF:B3SA3) o dólar para julho -- o mais líquido atualmente no Brasil -- cedia 1,02%, aos R$5,7095.

Na sexta-feira o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que planeja aumentar as tarifas sobre aço e alumínio importados de 25% para 50%, elevando a pressão sobre os produtores globais de aço.

Também na sexta-feira, Trump acusou a China de violar um acordo entre os dois países para reduzir mutuamente as tarifas e as restrições comerciais sobre minerais essenciais.

Os ataques de Trump seguiram reverberando nos mercados nesta sexta-feira, com os investidores globais se desfazendo de dólares e de Treasuries, em meio às incertezas sobre a política comercial dos EUA.

No Brasil, a moeda norte-americana oscilou em baixa ante o real durante toda a sessão.

“Vi o real se valorizando neste primeiro pregão do mês muito em linha com uma queda global do dólar. Acho que houve aí um movimento um pouco coordenado do mercado, de realocação de posições”, comentou durante a tarde o diretor da assessoria FB Capital, Fernando Bergallo.

Segundo ele, a queda do dólar no Brasil nesta segunda-feira só não foi maior por conta das incertezas fiscais. “O governo dizer que a alta do IOF é a única maneira de fechar as contas foi muito ruim. E, sobre isso, novamente pegou mal para o mercado a desarticulação política do governo com o Congresso”, acrescentou.

Desde 22 de maio, quando o Ministério da Fazenda anunciou elevações de várias alíquotas de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para cumprir a meta fiscal do ano, os ativos brasileiros vêm sendo pressionados, ainda que o governo tenha voltado atrás em algumas medidas. O Congresso, por sua vez, tem criticado as medidas relacionadas ao IOF.

Na manhã desta segunda-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que espera solucionar nesta semana a questão das mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) combinadas com medidas estruturais que busquem equacionar a questão fiscal.

Segundo Haddad, os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), mostraram disposição em discutir medidas fiscais estruturais, e não apenas soluções paliativas para as contas públicas.

Influenciado pelo exterior e pelas articulações em Brasília, o dólar à vista oscilou entre a cotação mínima de R$5,6669 (-0,94%), às 10h25, e a máxima de R$5,7109 (-0,17%), às 13h01. Ao longo da tarde a moeda voltou a aprofundar as perdas ante o real, com o fator externo se sobressaindo.

“A retomada do discurso protecionista por parte do governo norte-americano, com ameaças de elevação de tarifas sobre aço e alumínio, reflete uma sessão marcada pela aversão ao risco dos investidores direcionada principalmente aos rendimentos dos títulos do Tesouro americano e à fraqueza do dólar”, disse Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, em comentário escrito.

“A valorização do petróleo, diante das incertezas geopolíticas entre Rússia e Ucrânia, também contribui para o fluxo positivo em direção a mercados emergentes, especialmente o real”, acrescentou.

No exterior, às 17h21 o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,70%, a 98,661.

Pela manhã o Banco Central vendeu toda a oferta de 35.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1º de julho de 2025.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.