Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar encerrou a segunda-feira em queda firme ante o real, mas longe da mínima da sessão, com alívio dos investidores após o resultado do primeiro turno das eleições francesas e com as pesquisas indicando que o eleitorado deve eleger um governo de centro, e não de extrema-direita que colocaria em risco a permanência da França na União Europeia.
O mercado, entretanto, seguiu atento à cena política doméstica, sobretudo ao andamento da reforma da Previdência no Congresso.
O dólar recuou 0,97 por cento, a 3,1267 reais na venda, depois de bater 3,1180 reais na mínima do dia. O dólar futuro tinha baixa de cerca de 0,80 por cento no final da tarde.
"O desfecho de ontem na França permitiu ao mercado voltar a assumir risco, mas sem se esquecer das reformas", resumiu um profissional de câmbio.
Na véspera, o candidato de centro Emmanuel Macron deu um grande passo rumo à Presidência da França ao ganhar o primeiro turno das eleições, avançando para o segundo turno da votação, em 7 de maio, contra a líder de extrema-direita Marine Le Pen.
Levantamento Opinionway nesta segunda-feira colocou o concorrente de centro com vantagem de 61 por cento contra 39 por cento da adversária, de postura nacionalista e que alimenta temores de que a França possa sair da União Europeia, como optou recentemente a Grã-Bretanha.
"O receio com Le Pen era grande, especialmente em tempos de Brexit e Donald Trump (presidente dos Estados Unidos) se colocando como delicadas surpresas protecionistas nos dois lados do Atlântico", informou a corretora H.Commcor em relatório.
No exterior, o euro saltava mais de 1 por cento ante o dólar após o resultado das eleições francesas e aliviando os temores de outro choque político sistêmico no segundo turno.
O dólar cedia ante uma cesta de moedas e divisas de países emergentes, como o pesos mexicano e o rand sul-africano.
O recuo do dólar ante o real, entretanto, perdeu força à tarde, com o recuo nos preços de commodities como o petróleo limitando o movimento e ainda com investidores enxergando oportunidade para compras pontuais.
Internamente, os investidores seguiram atentos ao noticiário político, diante das negociações para garantir a aprovação da reforma da Previdência, na próxima semana.
Na véspera, o presidente Michel Temer afirmou a líderes da base aliada e ministros que o projeto apresentado na comissão especial da Câmara dos Deputados na semana passada é a versão final, sinalizando que não há mais espaço para concessões e cobrando apoio para sua aprovação.
"Amanhã, o governo já vai ter um teste do que pode esperar da reforma da Previdência, com a votação da (reforma) trabalhista. Um adiamento ou derrota pode estressar os investidores", comentou o profissional da mesa de uma corretora local.
O projeto de reforma trabalhista pode ser votado em comissão especial nesta terça-feira, depois de ter sua urgência aprovada na semana passada.
O Banco Central vendeu, pelo quinto pregão seguido, mais um lote de 16 mil contratos de swap cambial tradicional --equivalente à venda futura de dólares-- para rolagem dos contratos que vencem em maio. Dessa forma, já rolou 4 bilhões de dólares do total de 6,389 bilhões de dólares.