Investing.com — O dólar mantinha trajetória de queda no exterior nesta quarta-feira, pressionado pelas incertezas em torno do projeto de lei fiscal defendido pelo presidente Donald Trump.
Paralelamente, a libra esterlina ganhou força, após a divulgação de dados inflacionários acima do esperado no Reino Unido.
Por volta das 7h45 de Brasília, o Índice do Dólar, que mede o desempenho da divisa norte-americana frente a uma cesta de seis moedas fortes, recuava 0,65%, a 99,334, acumulando perdas de 1,3% nos últimos dois pregões.
Tensões fiscais nos EUA e reunião do G7 no radar
O projeto fiscal de Trump, que prevê cortes de impostos e despesas, enfrenta resistência dentro do próprio partido republicano e será submetido a um teste decisivo ainda hoje. De acordo com analistas independentes, se aprovado, o pacote poderá elevar a dívida dos EUA entre US$ 3 trilhões e US$ 5 trilhões. A medida surge logo após a agência Moody’s rebaixar a nota de crédito do país, citando a deterioração fiscal.
O cenário de endividamento crescente, associado às tensões comerciais e à deterioração da confiança, levou o dólar a acumular queda de aproximadamente 8% no acumulado do ano. Operadores também monitoram atentamente as discussões na reunião de ministros das Finanças do G7, realizada no Canadá até quinta-feira.
Em nota, analistas do ING destacaram que, embora pouco provável, qualquer sinalização de que o G7 poderia revisar seu compromisso histórico com câmbio flutuante, para permitir o enfraquecimento do dólar, teria impacto significativo sobre os mercados. Eles ponderam que, caso os EUA estejam pressionando por moedas mais fortes entre seus parceiros comerciais, isso tende a fortalecer outras divisas e aprofundar a desvalorização do dólar.
Libra reage à inflação britânica elevada
Na Europa, a libra esterlina (GBP/USD) avançava 0,2%, cotado a 1,3419, após o Reino Unido divulgar que sua inflação anual acelerou para 3,5% em abril, ante 2,6% em março, segundo o Escritório Nacional de Estatísticas. Este é o maior patamar desde janeiro de 2024 e o avanço mais expressivo desde 2022.
Apesar do dado robusto, analistas do ING observaram que o aumento foi concentrado em itens específicos, como reajustes no imposto sobre veículos, tarifas aéreas e pacotes turísticos, todos impactados pelo calendário da Páscoa. Na avaliação da instituição, embora o mercado projete estabilidade nos juros em junho, o cenário ainda não descarta um possível corte em agosto.
O euro (EUR/USD) subia 0,4%, negociado a 1,1324, sustentado pela busca dos investidores por alternativas ao dólar. A moeda única ganhou terreno mesmo diante da ausência de avanços concretos na conversa entre Donald Trump e Vladimir Putin sobre a guerra na Ucrânia. Para o ING, o nível de 1,150 é o próximo alvo técnico, embora no curto prazo a referência mais realista seja 1,130.
Iene e iuane sobem com fluxo de aversão
Na Ásia, o iene subia 0,3% no par USD/JPY, a 144,08, após dados mostrarem que a balança comercial japonesa registrou contração inesperada em abril. As tarifas impostas pelos EUA e o fortalecimento recente do iene comprometeram o desempenho das exportações, enquanto as importações superaram discretamente as expectativas.
O iuane operava em alta de 0,2% no par USD/CNY, a 7,2083, valorizando-se diante da fraqueza do dólar. O Ministério do Comércio da China criticou as novas restrições norte-americanas sobre o setor de chips, especialmente a tentativa de banir globalmente os semicondutores da Huawei, alertando que essa postura pode ameaçar a trégua comercial de 90 dias firmada anteriormente.
Por fim, o dólar australiano (AUD/USD) subia 0,4%, cotado a 0,6442, revertendo parte das perdas da sessão anterior, quando o Banco Central da Austrália cortou sua taxa básica em 25 pontos-base.