Dólar caminha para primeiro ganho mensal do ano; Powell mantém tom duro

Investing.com - O dólar americano recuou ligeiramente nesta quinta-feira, mas estava a caminho de seu primeiro ganho mensal este ano após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, oferecer comentários hawkish após a reunião de política monetária do banco central.

Às 08:00 (horário de Brasília), o Índice do Dólar, que acompanha o desempenho da moeda americana contra uma cesta de seis outras moedas, caiu 0,1% para 99,550, próximo das máximas de dois meses e a caminho de registrar um ganho mensal de mais de 3%, o primeiro este ano.

Dólar ganha com Powell hawkish

O Federal Reserve manteve as taxas de juros inalteradas ao final de sua reunião de política monetária de dois dias na quarta-feira, com o banco central citando uma taxa de desemprego "baixa", condições do mercado de trabalho "sólidas" e inflação "um pouco elevada".

Powell manteve sua abordagem paciente sobre as taxas e ofereceu pouca informação sobre quando elas poderiam ser reduzidas, mesmo diante das constantes demandas do presidente dos EUA, Donald Trump, por cortes nas taxas.

"A coletiva de imprensa do presidente Powell foi hawkish", disseram analistas do ING, em nota. "Ele reiterou as expectativas de um impacto inflacionário de curta duração e disse que uma política modestamente restritiva era apropriada. Ele pareceu se colocar em rota de colisão com o presidente Trump ao afirmar que o Fed estava ignorando a inflação ao não aumentar as taxas."

Os futuros do CME 30-Day Fed Fund agora refletem apenas 45,7% de probabilidade de um corte nas taxas em setembro, abaixo dos 63,4% antes da divulgação do comunicado.

Houve dissidência entre os membros do Fed em relação a Powell, com os governadores Christopher Waller e Michelle Bowman - ambos nomeados por Trump - votando por uma redução de 25 pontos-base nas taxas este mês. Os oficiais apontaram preocupações com a desaceleração do mercado de trabalho como evidência para um corte.

Uma medida de folhas de pagamento privadas superou as expectativas na quarta-feira, sugerindo alguma resiliência no mercado de trabalho. Mais dados sobre emprego serão divulgados esta semana, incluindo o importante relatório de folhas de pagamento não agrícolas de julho na sexta-feira.

"Outro ponto de dados que vale a pena notar são os pedidos de auxílio-desemprego, que recentemente chamaram nossa atenção após uma sequência inesperada de seis semanas de declínios. Essa é a maior sequência desde agosto-setembro de 2022, e pode estar contribuindo para as expectativas de um mercado de trabalho resiliente", acrescentou o ING.

Euro caminha para grande perda mensal

Na Europa, o EUR/USD ganhou 0,4% para 1,1447, subindo ligeiramente após cair para uma mínima de sete semanas na sessão anterior. Ainda assim, a moeda única permaneceu a caminho de perder quase 3% no mês.

Os preços ao consumidor franceses subiram um pouco mais do que o previsto em julho, com a taxa de inflação harmonizada, ajustada para comparação com outros países da zona do euro, subindo 0,9% ano a ano em julho, acima dos 0,8% esperados.

A economia da zona do euro cresceu um pouco mais rápido do que o esperado no segundo trimestre, mas o crescimento continua modesto e o segundo maior bloco econômico do mundo terá que lidar com as tarifas dos EUA daqui para frente.

"Se a primeira etapa da correção do EUR/USD foi impulsionada pelas sombrias perspectivas de crescimento para a zona do euro após o acordo comercial UE-EUA, a queda para 1,14 foi liderada pela reprecificação hawkish do Fed", disse o ING.

"Em nossa opinião, os riscos permanecem para o lado negativo para o EUR/USD, mesmo que o posicionamento agora pareça consideravelmente menos esticado após a compressão das posições vendidas em dólar desde o início da semana."

O GBP/USD subiu 0,1% para 1,3253, com a libra negociando perto de uma mínima de 2 meses e meio, e também caminhando para um declínio mensal de quase 3%.

BOJ eleva previsões de inflação e crescimento

Em outros lugares, o USD/JPY negociou 0,2% mais baixo a 149,28, depois que o Banco do Japão deixou as taxas de juros inalteradas, como era amplamente esperado.

O banco central também elevou suas previsões de inflação do índice de preços ao consumidor e do produto interno bruto para o ano, com a inflação básica agora vista bem acima das previsões anteriores.

O banco central também alertou que as taxas de juros reais ainda permaneciam baixas e que aumentará ainda mais as taxas se a inflação e o crescimento aumentarem de acordo com suas expectativas.

O AUD/USD subiu 0,5% para 0,6466, recuperando parte das perdas da noite anterior, enquanto o USD/CNY negociou praticamente inalterado a 7,1931, após os dados do índice de gerentes de compras para julho decepcionarem.

O PMI de manufatura encolheu mais do que o esperado em julho, assim como o PMI não-manufatureiro, com a queda sendo atribuída ao impacto do clima extremo.

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