Investing.com - As restrições impostas pela comunidade internacional à Rússia, com o apoio dos Estados Unidos, que controlam o dólar como moeda global, estimularam muitos países, sobretudo os Brics, a cogitar a substituição da moeda americana em seus negócios internacionais, em um movimento que alguns denominam de “desdolarização” do mundo.
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No entanto, a maioria dos economistas reconhece que, por ora, será árduo, se não inviável, contestar o domínio do dólar, principalmente porque as opções disponíveis são escassas e todas têm defeitos.
Contudo, de acordo com o renomado economista Robert Shiller, que concedeu uma entrevista ao jornal italiano La Repubblica no último domingo, há um cenário que poderia acelerar a desdolarização.
Ele advertiu que se os Estados Unidos transferirem os ativos russos bloqueados para a Ucrânia, isso terá um efeito devastador sobre o status do dólar americano como moeda de reserva mundial.
“Se a América fizer isso com a Rússia hoje […], amanhã poderá fazer com qualquer um”, afirmou, acrescentando que “isso destruirá a aura de segurança que cerca o dólar e será o primeiro passo para a desdolarização, para a qual muitos estão se inclinando com cada vez mais confiança, da China aos países emergentes, sem contar a própria Rússia”.
Os Estados Unidos, a União Europeia e seus aliados bloquearam cerca de 300 bilhões de dólares em reservas internacionais russas desde o ano passado, como parte das sanções relacionadas à guerra na Ucrânia. Ao longo do último ano, várias ideias foram debatidas sobre o uso potencial desses recursos para auxiliar a Ucrânia, o que foi caracterizado como “uma medida radical que abriria um novo capítulo na guerra financeira do Ocidente contra Moscou” pelo Financial Times no início do mês.
“Eu não consigo me convencer de que isso [confisco dos ativos russos] seja a solução adequada”, declarou Schiller, explicando que “além de confirmar ao líder russo que o que está ocorrendo na Ucrânia é uma guerra indireta, isso poderia paradoxalmente se voltar contra a América e o Ocidente como um todo", alertando para um “cataclismo para o sistema econômico atual dominado pelo dólar”.