Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar renovou mais uma vez sua máxima histórica nesta quinta-feira, superando 4,50 reais pela primeira vez e subindo pela sétima sessão consecutiva em meio a temores globais sobre a expansão do coronavírus, que têm ditado forte demanda por segurança e punido ativos de risco.
Às 12:46, o dólar avançava 0,87%, a 4,4828 reais na venda, enquanto o principal contrato de dólar futuro subia 0,80%, a 4,4865 reais.
Na máxima da sessão, alcançada às 11h39, a divisa norte-americana chegou a ser negociada a 4,5030 reais, novo recorde histórico intradiário. O dólar já sobe 11,8% em 2020, com o real encabeçando a lista de perdas nos mercados globais de câmbio neste ano.
"O impacto do coronavírus continua sendo uma incógnita e uma ameaça para a economia mundial", resumiu em nota Jefferson Rugik, da Correparti Corretora, citando movimentos de proteção.
Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria, disse que o movimento desta quinta-feira é reflexo do "fator externo, um acompanhamento da tendência do exterior; moedas emergentes continuam fragilizadas pela busca de refúgio em ativos mais seguros".
Ante moedas emergentes, como pesos mexicano e chileno, lira turca e rand sul-africano, o dólar ganhava força, mas, contra uma cesta de moedas fortes, tinha queda acentuada de 0,6%, perdendo 0,6% ante o iene e 0,9% contra o franco suíço --divisas demandadas em tempos de incerteza e instabilidade.
O número de novas infecções por coronavírus na China, fonte do surto, foi pela primeira vez superado por novos casos no restante do mundo na quarta-feira, aumentando os temores de uma pandemia. Na quarta-feira, o Brasil teve seu primeiro caso da doença confirmado em São Paulo.
Em uma tentativa de corrigir eventuais excessos ou disfuncionalidades no mercado de câmbio, o Banco Central realizou neste pregão leilão extraordinário de até 20 mil swaps tradicionais (1 bilhão de dólares) com vencimento em agosto, outubro e dezembro de 2020, conforme anunciado na quarta-feira, em que vendeu todos os contratos ofertados. O BC vendeu ainda todos os 13 mil contratos de swap cambial em operação de rolagem.
Segundo o economista Silvio Campos Neto, "o mercado já estava contando com esse leilão, então não foi novidade", o que limitava a capacidade da atuação do BC de frear o dólar.