Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar reduziu seus ganhos nesta sexta-feira, depois de mais cedo saltar mais de 1%, acima de 5,31 reais, com investidores digerindo dados mostrando queda nas expectativas de inflação nos Estados Unidos.
Mesmo assim, a moeda norte-americana seguia firmemente no azul no dia e estava a caminho de forte valorização semanal.
Às 11:47 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,73%, a 5,2780 reais na venda, perdendo fôlego após saltar 1,36% na máxima da sessão, a 5,3111 reais, nível não visto desde 3 de agosto.
O patamar elevado atingido pela moeda norte-americana nos picos do dia pode ter chamado vendedores, num movimento técnico de realização de lucros, disse à Reuters Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital, o que explicaria parte do arrefecimento do dólar nesta manhã.
Além disso, Bergallo chamou a atenção para uma devolução total dos ganhos de um índice do dólar contra uma cesta de rivais fortes no exterior, após dados divulgados nesta sexta-feira pela Universidade de Michigan mostrarem queda nas expectativas de inflação do consumidor dos EUA. Mais cedo, o índice do dólar havia renovado máxima em 20 anos.
Assim como o real, várias moedas emergentes ou sensíveis às commodities, como peso mexicano, rand sul-africano e dólar australiano, reduziram suas perdas ou até passaram a território positivo na esteira dos dados da Universidade de Michigan, que aliviaram, temporariamente, temores de que Federal Reserve será agressivo demais em seu atual ciclo de aperto monetário.
O temor de um Fed mais rigoroso havia aumentado nesta semana na esteira de números mais altos do que o esperado de inflação e atividade da maior economia do mundo, que chegaram a alimentar apostas num aumento de juros de 1 ponto percentual completo pelo Fed em sua reunião deste mês. A previsão de consenso no mercado é de ajuste de 0,75 ponto na taxa de juros norte-americana.
Após dias de negociações permeadas por cautela, o dólar ficava a caminho de fechar a semana em alta de 2,4% contra o real --que seria a mais acentuada desde meados de julho--, impulsionado principalmente pelos saltos de 1,80% e 1,18% de terça e quinta-feira, respectivamente.
Participantes do mercado alertaram que o ambiente de aversão a risco e volatilidade visto nos últimos pregões pode perdurar até a conclusão da reunião de política monetária do Fed, na semana que vem. O encontro começará na terça e se encerrará na quarta, com previsão de anúncio da decisão sobre a taxa de juro às 15h (de Brasília).
O banco central norte-americano já subiu os custos de empréstimo em 2,25 pontos percentuais desde março deste ano, conforme enfrenta uma inflação persistente.
Na B3 (BVMF:B3SA3), às 11:47 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,57%, a 5,2965 reais.