Dólar fecha em máxima desde maio contra real com incertezas sobre EUA e fiscal doméstico

Publicado 27.10.2020, 17:16
Atualizado 27.10.2020, 17:30
© Reuters. (Blank Headline Received)

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar disparou contra o real nesta terça-feira, alcançando seu maior patamar para fechamento em cinco meses, refletindo preocupações globais em relação à disseminação da Covid-19, à negociação de estímulo nos Estados Unidos e à aproximação das acirradas eleições norte-americanas, em meio ainda a um cenário fiscal doméstico teimosamente incerto.

A divisa norte-americana à vista fechou em alta de 1,25%, a 5,6825 reais, seu maior patamar para encerramento desde 20 de maio (5,6902). Na máxima da sessão, o dólar chegou a tocar 5,6845 reais, alta de 1,29%.

Na B3 (SA:B3SA3), o principal contrato de dólar futuro tinha alta de 1,04%, a 5,6850 reais.

A disputa entre o atual presidente norte-americano, Donald Trump, e seu adversário democrata, Joe Biden, está sendo atentamente acompanhada por investidores de todo o mundo, que estão em busca de pistas sobre possíveis medidas de auxílio fiscal que poderiam ser adotadas depois que os norte-americanos forem às urnas.

Mesmo depois que um pacote anterior expirou, em julho, as autoridades da Casa Branca e Congresso dos EUA passaram os últimos meses sem conseguir chegar a um acordo sobre mais medidas de combate à pandemia, levantando dúvidas sobre a recuperação do emprego e da atividade empresarial da maior economia do mundo.

Trump reconheceu nesta terça-feira que o pacote provavelmente virá após as eleições de 3 de novembro, incapaz de superar as diferenças em relação aos termos de um acordo com seus colegas republicanos no Senado dos EUA ou com os parlamentares democratas.

"O que nós tivemos hoje foi aversão forte ao risco lá fora. O mercado está bastante conturbado, e a disputa norte-americana pode trazer surpresas", disse à Reuters Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.

Enquanto, isso, a Covid-19 continua se espalhando pelos Estados Unidos, gerando temores sobre a imposição de restrições à atividade em algumas partes do país. Na Europa, vários países estão registrando números recordes de infecções, com as autoridades da França buscando opções a lockdowns mais rigorosos.

"A segunda onda (de coronavírus) também deixou o mercado muito instável. Em caso de novos lockdowns, as grandes economias vão sofrer muito mais e ter mais gastos", explicou Galhardo.

No Brasil, além das dúvidas sobre como o governo conciliaria seu projeto de auxílio --batizado de Renda Cidadã-- a um Orçamento apertado, impasses políticos em Brasília, atrasos na agenda de reformas estruturais e um ambiente de juros extremamente baixos têm sido apontados como fatores de impulso para o dólar nos últimos meses.

"O lado político está em marcha lenta, não está com pressa de votar coisas importantes", completou Galhardo. "Tudo isso, de qualquer forma, está pendurado no preço (do dólar)."

Nesta terça-feira, o Comitê de Política Monetária do Banco Central deu início a sua reunião de decisão de juros, cujo resultado será divulgado na quarta-feira. A expectativa é de que o Copom mantenha a taxa Selic em sua mínima histórica de 2%.

"O primeiro dia de reunião do Copom traz à autoridade monetária o desafio de alterar seu discurso insistente de abertura de espaço para futuros cortes de juros e definir por um 'fechamento definitivo da porta' no curto prazo, em meio aos desafios tanto inflacionários quanto fiscais", escreveu Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

O patamar da taxa de juros tem influência sobre o mercado de câmbio, uma vez que dita a rentabilidade de ativos brasileiros atrelados à Selic, afetando a entrada de investidores no Brasil e, consequentemente, o fluxo de dólares.

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