Dólar recua ante real após altas recentes com Previdência no radar

Publicado 08.03.2019, 17:53
Atualizado 08.03.2019, 17:55
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SÃO PAULO (Reuters) - O dólar encerrou em queda nesta sexta-feira após dois dias de forte alta, com a reforma da Previdência no foco do mercado e investidores ainda cautelosos com a tramitação da matéria.

O dólar recuou 0,37 por cento, a 3,8702 reais na venda. No pregão, oscilou entre 3,8505 e 3,9043 reais. Na semana, a divisa avançou cerca de 2,4 por cento frente ao real.

O dólar futuro operava perto da estabilidade.

Há razoável cautela entre agentes financeiros de que o governo não está dando a devida atenção à reforma da Previdência, o principal objeto de atenção de investidores locais e estrangeiros.

"O mercado ainda está receoso com relação à Previdência, o que deixa o mercado mais nervoso é que o governo está mostrando que não está muito focado na reforma, está se deixando levar por outros assuntos políticos, meio eleitorais", afirmou um operador de uma instituição financeira nacional.

Nesta sexta-feira, o presidente Jair Bolsonaro disse que a aprovação da Previdência no Congresso não pode levar um ano, ressaltando que é necessário aprová-la no primeiro semestre.

Participantes do mercado, no entanto, já trabalham com a expectativa de que a tramitação será concluída apenas no segundo semestre.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que marcou para a próxima quarta-feira a instalação da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que estava prevista para antes do Carnaval.

Maia também cobrou o envio do projeto de aposentadoria para os militares, afirmando que ele só será votado após a aprovação da PEC.

Antes do fim de semana, participantes do mercado se desfazem de certas posições, precavendo-se no caso de surgir alguma notícia relacionada à Previdência, afirmou o operador.

"A gente espera que o governo comece a sinalizar que está focado na Previdência e esqueça os outros assuntos, precisa transmitir isso para o mercado", avaliou.

Com perspectivas ainda instáveis do lado doméstico, o cenário externo, onde há certa aversão ao risco ligada a temores de menor crescimento da economia global, continua tendo forte impacto nas negociações no mercado local.

Dados divulgados mais cedo mostraram que os EUA criaram apenas 20 mil vagas de trabalho em fevereiro, um número bem abaixo do que era esperado, endossando preocupações de desaceleração acentuada na atividade econômica norte-americana.

Ainda nesta sexta-feira, números mostraram que as exportações chinesas tiveram a maior queda em 3 anos em fevereiro, o que somou-se aos temores de desaceleração global que já estavam no radar desde quinta-feira, quando decisão do Banco Central Europeu (BCE) de cortar previsões impactou fortemente mercados acionários e moedas ao redor do mundo.

O dólar recuava 0,37 por cento contra uma cesta de moedas. Mais cedo, o índice chegou à máxima do ano.

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O Banco Central vendeu 14,5 mil swaps cambiais tradicionais, equivalente à venda futura de dólares. Assim, rolou 2,175 bilhões de dólares dos 12,321 bilhões que vencem em abril.

(Por Laís Martins)

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