Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar recuava ante o real nesta sexta-feira, em linha com a fraqueza da divisa norte-americana no exterior, enquanto investidores aguardam o discurso do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole, em busca de sinais sobre a trajetória dos juros nos Estados Unidos.
Às 9h29, o dólar à vista caía 0,4%, a 5,5676 reais na venda. Na B3 (BVMF:B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha queda de 0,44%, a 5,583 reais na venda.
Na quinta-feira, o dólar à vista fechou em alta de 1,96%, cotado a 5,5899 reais.
Nesta manhã, as atenções dos mercados globais se voltam para o simpósio econômico de Jackson Hole, no Estado norte-americano de Wyoming, onde Powell discursará às 11h (horário de Brasília), com ampla expectativa sobre o que ele indicará em relação à próxima reunião do banco central dos EUA em setembro.
Dados econômicos recentes dos EUA, que mostraram um esfriamento do mercado de trabalho e a queda da inflação, têm consolidado as apostas de agentes financeiros de que o Fed iniciará um ciclo de afrouxamento monetário no próximo mês.
Na quarta-feira, a ata da reunião de julho do Fed mostrou ainda que as autoridades estavam fortemente inclinadas a um corte de juros em setembro e várias delas estariam até mesmo dispostas a reduzir os custos de empréstimos imediatamente.
Com isso, o que operadores buscam determinar no momento é o tamanho de uma eventual redução de juros em setembro. Espera-se que Powell possa fornecer alguma indicação que esclareça essa dúvida.
Os mercados precificam uma chance de quase 72% de um corte de 25 pontos-base no encontro de setembro, com 28% das apostas em uma redução maior de 50 pontos-base. Eles veem quase 100 pontos-base de afrouxamento até o fim deste ano.
Quanto mais o Fed cortar os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos atraente quando os rendimentos dos Treasuries caem, impulsionando o apetite por ativos de maior risco.
"No dia de hoje, o principal driver acaba sendo pelas falas de Jerome Powell no simpósio de Jackson Hole, onde as atenções estarão voltadas para ver se há alguma sinalização sobre os juros", disse Marcio Riauba, gerente da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio.
Globalmente, o dólar devolvia seus ganhos da véspera, quando dados de emprego dos EUA indicaram um esfriamento gradual do mercado de trabalho, o que levou investidores a projetar um afrouxamento mais cauteloso por parte do Fed, ante a expectativa de cortes agressivos no início deste mês.
A moeda norte-americana recuava contra o peso mexicano, o rand sul-africano, o peso chileno e o peso colombiano.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- tinha estabilidade a 101,460.
Ainda no cenário externo, declarações do presidente do Banco do Japão, Kazuo Ueda, durante audiência no Parlamento japonês, também eram avaliadas pelos investidores.
Ueda reafirmou sua decisão de elevar os juros no país caso a inflação se mantenha no caminho certo para atingir de forma sustentável a meta de 2%, sugerindo que a recente volatilidade do mercado não prejudicará seu plano de aperto monetário.
A elevação dos juros do Japão no mês passado, somada a dados econômicos fracos dos EUA, gerou enorme volatilidade nos mercados acionários e de câmbio no início deste mês, em parte por conta da reversão de operações de "carry trade" com o iene.
O dólar tinha queda de 0,1% em relação ao iene, a 146,12.
No mercado nacional, uma agenda macroeconômica esvaziada fazia os agentes financeiros focarem suas atenções nos eventos do exterior.
A taxa do DI para janeiro de 2025 -- que reflete a política monetária local no curtíssimo prazo -- estava em 10,825%, em queda de 2 pontos-base
(Edição Alberto Alerigi Jr.)