Dólar recua em linha com o exterior em meio a incertezas comerciais e geopolíticas

Publicado 20.02.2025, 09:09
Atualizado 20.02.2025, 10:00
© Reuters. Nota de dólarn01/06/2017.     REUTERS/Thomas White/Illustration

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista recuava ante o real nesta quinta-feira, em linha com os mercados globais, enquanto investidores ponderam sobre as incertezas comerciais e geopolíticas no exterior, em meio a novas ameaças tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e conversas pelo fim da guerra na Ucrânia.

Às 9h42, o dólar à vista caía 0,47%, a R$5,6990 na venda.

Na B3 (BVMF:B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,32%, a R$5,711 na venda.

O movimento da divisa dos EUA frente ao real era influenciado por seu desempenho no exterior, onde recuava ante uma série de pares fortes e emergentes, incluindo euro, iene, peso mexicano e rand sul-africano.

O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,27%, a 106,890.

As perdas do dólar pareciam ser impulsionadas novamente por um processo de correção de seu preço ao redor do mundo, uma vez que agentes financeiros têm sinalizado uma mudança de percepção sobre o novo governo dos EUA, que completa um mês nesta quinta.

Anteriormente, predominava a visão de que as medidas prometidas por Trump durante a campanha presidencial -- como tarifas e deportações em massa -- seriam inflacionárias para a economia norte-americana, o que favoreceria o dólar ao manter os rendimentos dos Treasuries elevados.

Os mercados globais agora, no entanto, têm avaliado que as ameaças tarifárias de Trump são mais uma tática de negociação do que um plano concreto, provocando fortes perdas para a moeda norte-americana no início do ano.

Após várias ameaças e anúncios, apenas a tarifa de 10% de Trump sobre produtos chineses entrou em vigor, enquanto outras medidas foram suspensas ou ainda estão distantes da data estabelecida para ativação, o que espaço para negociações.

Em seu mais recente anúncio, na quarta-feira, Trump disse que anunciará novas tarifas no próximo mês ou antes, acrescentando madeira e produtos florestais aos planos previamente anunciados de impor tarifas sobre carros importados, semicondutores e produtos farmacêuticos.

Mas os temores quanto ao potencial inflacionário das medidas de Trump ainda não foram totalmente eliminados.

As propostas de Trump geraram preocupação no Federal Reserve com o aumento da inflação, com empresas dizendo ao banco central que, em geral, esperam aumentar os preços para repassar os custos das tarifas de importação, segundo a ata da reunião de janeiro do Fed.

Também estão no radar dos investidores as negociações pelo fim da guerra entre Ucrânia e Rússia, com um aumento da incerteza sobre a possibilidade de uma resolução para o conflito após falas recentes de Trump.

O presidente norte-americano tem ocupado as manchetes com seus comentários, acusando a Ucrânia de ter iniciado a guerra e chamando o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, de "ditador sem eleições".

"Caso (as negociações) avancem positivamente, o mercado pode reagir com maior apetite por risco, o que favoreceria moedas emergentes. No entanto, há um risco considerável de que essas negociações resultem em termos desfavoráveis para a Europa, o que poderia reforçar o dólar no curto prazo", disse Bruno Botelho, especialista em câmbio da One Investimentos.

Na cena doméstica, o dólar ainda tem passado por outro processo de correção, após sua disparada no fim do ano passado devido a temores do mercado com o cenário fiscal brasileiro.

No ano, a moeda dos EUA acumula baixa de 7,8% ante o real.

Investidores seguem preocupados, no entanto, com a trajetória de inflação no país, que segue acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central.

Sobre isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse mais cedo que o governo terá que fazer uma reunião com atacadistas para avaliar como reduzir os preços dos alimentos.

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