Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar passava a subir contra o real nesta sexta-feira, depois de ter oscilado entre estabilidade e leve queda nos primeiros minutos de negociação do dia, com o clima positivo no exterior após dados promissores das principais economias globais sendo compensado pelas incertezas fiscais e políticas domésticas.
Às 10:35, o dólar avançava 0,65%, a 5,6639 reais na venda, depois de ter chegado a tocar 5,6166 reais na mínima do pregão. O principal contrato de dólar futuro tinha ganho de 0,94%, a 5,675 reais.
Para Marcos Weigt, chefe de tesouraria do Travelex Bank, apesar de estar em alta nesta manhã, o dólar "não está fugindo muito da faixa recente de negociação".
Ele chamou a atenção para um cenário externo "muito bom, nos Estados Unidos e na China principalmente: um ambiente benigno com muita liquidez".
Dados desta sexta-feira mostraram um crescimento recorde de 18,3% da China no primeiro trimestre de 2021, elevando o otimismo em torno de uma recuperação econômica global.
Na véspera, dados promissores sobre as vendas no varejo e o emprego nos Estados Unidos já haviam colaborado para as apostas em uma retomada na atividade.
Lá fora, divisas emergentes pares do real, como peso mexicano, peso chileno, lira turca e rand sul-africano, apresentavam desempenho misto contra o dólar, mas o índice da moeda norte-americana contra uma cesta de pares fortes caminhava para sua segunda semana consecutiva de perdas.
Enquanto isso, no Brasil, em meio às incertezas que cercam as contas públicas, a equipe econômica definiu na quinta-feira uma meta de déficit primário de 170,474 bilhões de reais para o governo central em 2022, segundo projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) enviado ao Congresso.
A divulgação do projeto da LDO se dá sem que o presidente Jair Bolsonaro tenha sancionado ainda o Orçamento de 2021, que foi considerado inexequível na forma como aprovado pelo Congresso, com subestimativa de despesas obrigatórias.
O impasse, ainda sem solução clara, agravou as preocupações com o quadro fiscal, que já era cercado de incertezas diante das demandas por gastos com o enfrentamento da crise de saúde e econômica gerada pela pandemia da Covid-19.
"Os mercados estão mostrando tendência a acreditar que Bolsonaro vai vetar parcialmente (o Orçamento)", disse Marcos Weigt. Para ele, caso haja uma resolução das dúvidas nessa frente, pode haver um espaço maior de recuperação para o real, já que o maior fator de pressão para a moeda doméstica no momento é a incerteza fiscal.
Enquanto isso, chamava a atenção a notícia de que o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou em plenário a decisão liminar do ministro Edson Fachin de anular condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomadas no âmbito da operação Lava Jato em Curitiba, garantindo ao petista os direitos políticos para concorrer nas eleições presidenciais de 2022.
Em nota, analistas da Genial Investimentos disseram que a "decisão do STF coloca mais combustível na polarização política do país".
Na quinta-feira, a moeda norte-americana à vista teve queda de 0,75%, a 5,6276 reais na venda.
Em relação ao fechamento da última sexta-feira, de 5,6748 reais, o dólar ficava perto da estabilidade.
O Banco Central fará nesta sexta-feira leilão de swap tradicional para rolagem de até 15 mil contratos com vencimento em novembro de 2021 e abril de 2022.