Dólar à vista salta 3% e flerta com R$5,14 por temores inflacionários antes de reuniões de BCs

Publicado 13.06.2022, 09:09
© Reuters. Notas de dólar
07/02/2011
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Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar saltava nesta segunda-feira e ultrapassou as marcas de 5,13 reais no mercado à vista e de 5,16 reais no segmento futuro da B3 (SA:B3SA3), com os mercados ainda abalados por dados recentes de inflação norte-americanos, em semana que terá como destaques as reuniões de política monetária dos bancos centrais de Brasil e Estados Unidos.

Às 12h03 (de Brasília), o dólar à vista avançava 2,83%, a 5,1300 reais na venda, após bater 5,1388 reais, alta de 3,00%.

Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 2,80%, a 5,1570 reais, depois de alcançar 5,1650 reais.

A moeda negociada no mercado interbancário operava nas máximas desde 13 de maio e caminhava para fechar acima de sua média móvel linear de 100 dias --um importante nível técnico atualmente em torno de 5 reais-- pela primeira vez desde janeiro passado.

O real não estava isolado nas perdas em relação ao dólar. A maioria das principais divisas do mundo caía acentuadamente no dia, com peso mexicano, peso chileno, peso colombiano e rand sul-africano entre os destaques negativos, em queda de mais de 2% cada. Frente a uma cesta de rivais de países ricos, a moeda norte-americana acelerou os ganhos para 0,56% e bateu uma nova máxima em cerca de 20 anos.

Os mercados "estão dando continuidade à forte aversão a risco verificada na segunda metade da semana passada e acelerada após a divulgação dos dados de inflação nos EUA na sexta-feira", disse em blog Dan Kawa, diretor de investimentos da TAG.

O Departamento do Trabalho dos EUA informou no fim da semana passada que seu índice de preços ao consumidor acelerou a alta a 1% em maio, contra 0,3% em abril e expectativa de taxa de 0,7%. O avanço acumulado em 12 meses foi de 8,6%, o mais intenso desde dezembro de 1981, com os preços da gasolina atingindo recorde.

Os dados desencadearam fortes temores de que o Federal Reserve optará por aumentos mais agressivos dos juros de forma a conter a disparada da inflação, o que poderia minar o crescimento da maior economia do mundo num momento já desafiador por causa da guerra na Ucrânia e de riscos de novos lockdowns da Covid-19 na China.

Isso levou a uma inversão na curva de juros entre os rendimentos dos títulos soberanos de dois e dez anos dos Estados Unidos --movimento visto como prenúncio de recessão nos próximos um ou dois anos.

"A inversão da curva de juros nos EUA... é um indicador preocupante para a dinâmica dos mercados. O Brasil, por ora, será refém desta aversão a risco internacional", disse Kawa.

Contratos futuros vinculados aos juros básicos dos Estados Unidos mostravam por volta de 11h40 (de Brasília) probabilidade de 25% de aumento de 0,75 ponto percentual pelo Federal Reserve em sua próxima reunião de política monetária, que começa na terça e termina na quarta-feira desta semana.

O Fed aumentou os custos dos empréstimos em 0,25 ponto percentual em março passado, ajuste seguido de alta mais intensa, de 0,50 ponto, em maio. Até poucos dias atrás, o consenso nos mercados era de que o banco central norte-americano manteria esse ritmo de aperto pelas próximas duas reuniões, pelo menos.

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No Brasil, o Banco Central também se encontra para discutir a política monetária nesta semana, nas mesmas datas que o Fed. A maior parte dos participantes do mercado espera aumento de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, para 13,25%.

O Goldman Sachs (NYSE:GS) compartilha dessa visão, conforme relatório do fim da semana passada, e espera ainda que o Copom deixe a porta aberta para outra alta moderada da Selic na reunião de agosto. A instituição, no entanto, não descarta o fim do ciclo de aperto monetário nesta semana com um ajuste acima de 0,50 ponto percentual, citando "efeitos defasados ​​de uma postura monetária já claramente restritiva" e "maior incerteza geopolítica e econômica global em meio à alta volatilidade dos ativos financeiros".

Quanto mais alta a Selic, mais atraente tende a ficar o real para investidores que utilizam estratégias de "carry trade" --que buscam lucrar com diferenciais de juros via compra de moedas de países com taxas elevadas.

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