Dólar tem leve alta à medida que desmonte de posições compensa fuga de risco global

Publicado 27.01.2025, 09:11
Atualizado 27.01.2025, 11:40
© Reuters. Casa de câmbio no Rio de Janeiron24/09/2015.  REUTERS/Sergio Moraes

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar reduziu os ganhos e tinha leve alta nesta segunda-feira, em movimento na contramão do observado em mercados emergentes, uma vez que a continuação de um desmonte de posições compradas na divisa norte-americana no Brasil compensava os efeitos de uma fuga de risco global.

Às 11h37, o dólar à vista subia 0,28%, a 5,9345 reais na venda, depois de operar brevemente perto da estabilidade. Na máxima do dia, atingiu 5,9552 reais.

Na B3 (BVMF:B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,10%, a 5,923 reais na venda.

Entre emergentes, o dólar avançava mais de 1% sobre seus pares, como o peso mexicano e o rand sul-africano, uma vez que os investidores reagiam a notícias que acirraram os temores por tarifas de importação dos Estados Unidos e operavam na esteira da forte queda de ações globais de tecnologia.

Os EUA e a Colômbia evitaram por pouco uma guerra comercial no domingo, depois que a Casa Branca disse que o país sul-americano concordou em aceitar aeronaves militares com imigrantes deportados.

O presidente dos EUA, Donald Trump havia ameaçado impor tarifas e sanções à Colômbia para puni-la por se recusar a aceitar voos militares que transportavam deportados como parte de sua ampla repressão à imigração.

O episódio sinalizou aos mercados a seriedade das promessas do presidente de impor tarifas para defender os interesses nacionais dos EUA, gerando ainda mais dúvidas sobre qual será a abordagem adotada por ele na política comercial.

As moedas emergentes também enfrentavam nesta manhã um movimento de fuga de risco nos mercados globais, com investidores comprando divisas consideradas seguras, como iene e franco suíço, devido a notícias sobre o progresso da inteligência artificial na China.

A startup chinesa DeepSeek lançou um assistente de IA gratuito que, segundo ela, usa chips de menor custo e menos dados, aparentemente desafiando uma aposta generalizada de que a IA impulsionará a demanda ao longo de uma ampla cadeia de suprimentos, de fabricantes de chips a data centers.

A notícia fazia investidores tirarem seus recursos de mercados de ações, que obtiveram fortes ganhos em 2024 com o otimismo pela IA, e de moedas mais arriscadas e apostarem em ativos seguros.

O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,50%, a 107,130.

No Brasil, por outro lado, a tendência global era compensada pela continuação de um movimento de reajuste do preço da moeda norte-americana após sua disparada no fim do ano passado devido às preocupações do mercado com o cenário fiscal.

O dólar vinha operando acima de 6 reais na maioria das sessões desde que o governo anunciou no fim de novembro um projeto de reforma do Imposto de Renda que ofuscou a apresentação de esperadas medidas de contenção dos gastos.

Mas alguns analistas já vinham apontando que a reação dos agentes financeiros foi exagerada, o que abria espaço para uma recuperação do real no início deste ano diante da falta de notícias sobre a área fiscal, uma vez que o Congresso está em recesso.

"Hoje faria sentido algum tipo de realização, com movimento de compra de dólares, mas não foi suficiente pra firmar o câmbio pra cima", disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.

"A valorização do dólar contra o real foi excessiva. Então, o desmonte de posição segue sendo feito. A questão é até onde. Meu palpite seria em torno dos 5,80, em condições normais de temperatura e pressão", completou.

Na semana passada, o dólar acumulou baixa de 2,42% ante o real -- o maior recuo para o período desde a semana encerrada em 9 de agosto de 2024, quando cedeu 3,43% em cinco dias úteis.

(Edição de Camila Moreira)

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