Haddad diz que mais de 10 mil empresas brasileiras serão afetadas por tarifas dos EUA
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista recuava ante o real nesta sexta-feira, conforme os investidores avaliavam dados de inflação moderados nos Estados Unidos que impulsionavam as apostas de cortes na taxa de juros pelo Federal Reserve, enquanto aguardavam, no Brasil, comentários do ministro da Fazenda e de um diretor do Banco Central.
Às 9h40, o dólar à vista caía 0,59%, a R$5,4657 na venda.
Na B3 (BVMF:B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,16%, a R$5,491 na venda.
Os movimentos do real nesta sessão tinham como pano de fundo a fraqueza da divisa norte-americana no exterior, com os mercados reagindo positivamente aos dados do índice PCE -- o indicador preferido de inflação do Fed -- divulgados nesta sexta.
O governo dos EUA informou mais cedo que o índice teve alta de 0,1% em maio, ganho igual ao de abril e exatamente o que economistas consultados pela Reuters projetavam.
Em 12 meses -- taxa que é referência para a meta de inflação do Fed --, o PCE atingiu alta de 2,3%, acelerando em relação ao ganho revisado de 2,2% no mês anterior, mas em linha com a projeção em pesquisa da Reuters e um desempenho moderado diante da meta de 2% do banco central dos EUA.
O relatório ainda mostrou que os gastos dos consumidores norte-americanos tiveram uma queda inesperada no mês, a 0,1%, ante expectativa de alta de 0,1%.
Os resultados vieram na esteira de uma série de fatores que vinham aumentando na última semana as apostas de operadores em cortes de juros pelo banco central dos EUA neste ano.
Entre eles, estão comentários de pelo menos dois membros do Fed de que estariam abertos a uma redução dos juros já na próxima reunião, em julho, e relatos de que o presidente Donald Trump pode nomear um sucessor para o chair Jerome Powell já em setembro ou outubro.
Uma vez que Trump tem criticado repetidamente as decisões recentes do Fed em manter os juros inalterados, a expectativa é de que ele indique um nome mais "dovish" (favorável a juros baixos) para comandar o banco central.
Na quinta-feira, dados que mostraram que o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA contraiu 0,5% a uma taxa anualizada no primeiro trimestre também fomentaram as expectativas por cortes de juros.
Operadores que antes dos dados precificam 63 pontos-base de afrouxamento neste ano, passaram a ver 65 pontos de cortes, com a expectativa de que a inflação moderada possa abrir espaço para o Fed cortar os juros em setembro, com outra redução totalmente precificada até o fim do ano.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,29%, a 97,093.
Juros mais baixos nos EUA favorecem pares do dólar, como o real, uma vez que torna o diferencial de juros entre os EUA e outros países desfavorável para o lado norte-americano.
Notícias sobre as disputas comerciais recentes também podem afetar as negociações, à medida que se aproxima o prazo no início de julho para o fim da pausa de 90 dias nas tarifas abrangentes de Trump, com uma série de acordos comerciais entre Washington e parceiros ainda pendentes.
Na cena doméstica, o ministro Fernando Haddad realizará uma palestra na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), às 11h, e depois concederá entrevista ao vivo à GloboNews, às 14h30.
Já o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, participará do Barclays Day in Brazil, organizado pelo Banco Barclays (LON:BARC), em São Paulo, às 11h10.
Na frente de dados, o IBGE relatou que a taxa de desemprego no Brasil caiu para 6,2% nos três meses até maio, ante 6,6% nos três meses até abril, recuando mais do que o esperado em pesquisa da Reuters, que projetava uma taxa de 6,4%.