Banco do Brasil vê 3º tri ainda "estressado" por agro, mas melhora no 4º com margem financeira
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista caía ante o real nesta sexta-feira, na esteira das perdas da moeda de reserva global no exterior, conforme os investidores avaliavam uma nova bateria de dados dos Estados Unidos e aguardavam um encontro entre os presidentes norte-americano e russo mais tarde.
Às 9h58, o dólar à vista caía 0,53%, a R$5,3890 na venda.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,44%, a R$5,410 na venda.
Os movimentos do real nesta sessão tinham como pano de fundo a fraqueza da divisa dos EUA no exterior, uma vez que os investidores pareciam estar se desfazendo do dólar enquanto analisavam a publicação de novos indicadores econômicos da maior economia do mundo.
Mais cedo, o governo dos EUA informou que os preços de importados tiveram uma alta inesperada em julho, a 0,4%, ante uma queda de 0,1% no mês anterior e contra a expectativa de estabilidade em projeção de economistas consultados pela Reuters.
O resultado foi mais um sinal de que as tarifas comerciais do presidente dos EUA, Donald Trump, possam estar finalmente impactando os preços no país, o que pode, em breve, alcançar os consumidores norte-americanos. Na véspera, números de preços ao produtor acima do esperado já haviam sinalizado isso.
Em outro relatório, as vendas no varejo dos EUA subiram de forma sólida em julho, impulsionadas pela forte demanda por veículos automotores e por promoções de varejistas. As vendas cresceram 0,5% no mês passado, após alta revisada para cima de 0,9% em junho.
Com isso, operadores reduziram momentaneamente suas apostas sobre um corte na taxa de juros pelo Federal Reserve em setembro para uma chance de 88%, segundo dados de LSEG. Minutos depois, a probabilidade voltou a ficar em 93%, mesmo patamar da véspera, mas ainda abaixo dos 100% observados nesta semana.
"Apesar do fortalecimento ao longo de junho, não vemos mudanças nos fundamentos para o dólar, que deve continuar a enfraquecer globalmente. Uma política econômica mais errática nos EUA e atividade econômica resiliente no resto do mundo são fatores que reduzem a percepção sobre o excepcionalismo norte-americano", disseram analistas do Itaú em relatório.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,34%, a 97,848.
Ao longo do dia, as atenções dos mercados globais se voltarão para um encontro presencial entre Trump e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, no Estado do Alasca, onde discutirão uma potencial resolução para encerrar a guerra na Ucrânia.
A reunião dos líderes será a primeira conversa cara a cara entre os dois desde que Trump retornou à Casa Branca. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, que não foi convidado para as discussões, e seus aliados europeus temem que Trump possa tentar forçar Kiev a fazer concessões territoriais.
A Casa Branca informou que a cúpula será realizada às 11h, horário do Alasca (16h de Brasília).
Na cena doméstica, os agentes financeiros seguem de olho em novidades sobre o impasse comercial entre Brasil e EUA, à medida que o governo brasileiro continua tentando negociar com Washington após a imposição de uma tarifa de 50% por Trump sobre os bens do país, ainda que com uma série de isenções.
O governo tem tido dificuldades em abrir canais de diálogo com os EUA. Uma conversa entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, que estava agendada para esta semana, foi desmarcada pelo lado norte-americano.
Na quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou medida provisória que traça um plano de contingência para empresas afetadas pela taxação, incluindo uma linha de crédito de R$30 bilhões. Analistas temem o impacto fiscal das medidas.