Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar oscilava em leve baixa frente ao real nas negociações desta sexta-feira, na última sessão de uma semana marcada por preocupações dos investidores com o cenário fiscal brasileiro e dados de inflação melhores do que o esperado nos Estados Unidos.
Às 9h58, o dólar à vista caía 0,29%, a 5,3522 reais na venda. Na B3 (BVMF:B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento recuava 0,31%, a 5,3580 reais na venda.
"Acredito que hoje veremos algumas correções interessantes. Os ruídos fiscais estão novamente nos holofotes", disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.
O movimento da moeda norte-americana no Brasil nesta manhã ia na contramão de seu avanço ante seus demais pares em outros mercados, uma evidência de como os fatores domésticos pesaram sobre o preço do dólar nesta semana.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,36%, a 105,620.
Ao longo da semana, o dólar obteve ganhos contínuos contra o real em meio às preocupações do mercado com a área fiscal, fomentadas por derrotas do governo no Congresso, declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ruídos em torno da estabilidade do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no cargo.
A divisa norte-americana fechou acima de 5,40 reais na quarta-feira pela primeira vez desde janeiro de 2023, à medida que os investidores perdiam confiança no compromisso fiscal do governo diante do recente fracasso do Executivo em compensar a desoneração da folha de pagamentos no Congresso.
Também houve aumento na percepção de que Haddad, um defensor do ajuste das contas públicas dentro do Executivo, perdia força em meio às pressões vinda tanto de dentro do governo quanto de parlamentares, o que só foi contido por falas de Lula na quinta-feira exaltando o trabalho ministro.
Apesar de o dólar devolver alguns de seus ganhos na véspera, quando encerrou o dia cotado a 5,3680 reais na venda, em baixa de 0,66%, os fatores políticos da semana bloquearam o maior apetite por risco visto no exterior, onde crescia o otimismo pelo futuro da política monetária dos EUA.
Após dados de preços ao consumidor melhores do que o esperado na quarta-feira, os investidores elevaram suas apostas sobre um corte de juros pelo banco central dos EUA em setembro, fazendo o dólar acumular algumas perdas ante seus pares.
Quanto mais o banco central dos EUA cortar os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos interessante quando os rendimentos dos Treasuries diminuem.