Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar tinha leve queda frente ao real nesta segunda-feira, mas se mantinha próximo dos 5,70 reais, à medida que investidores se posicionam para uma semana repleta de dados econômicos e continuam de olho em novas notícias sobre a iminente eleição presidencial dos Estados Unidos e as tensões no Oriente Médio.
Às 9h59, o dólar à vista caía 0,21%, a 5,6944 reais na venda. Na B3 (BVMF:B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha queda de 0,08%, a 5,709 reais na venda.
Os mercados globais têm mostrado apetite pelo dólar na esteira de dados econômicos fortes dos EUA, que derrubaram as apostas de um afrouxamento monetário agressivo pelo Federal Reserve, e do aumento das apostas na vitória de Donald Trump na disputa pela Casa Branca em 5 de novembro.
Investidores aguardam dados dos EUA como o PIB do terceiro trimestre, na quarta-feira, o índice PCE -- indicador de inflação preferido do Fed --, na quinta-feira, e o relatório de emprego fora do setor agrícola de outubro, na sexta-feira.
"A semana é bastante cheia. Temos dados importantes aqui e lá fora. Investidores ficam na espera para tomar uma posição mais concreta", disse Guilherme Suzuki, sócio e responsável pela área de portfolio solutions da Astra Capital.
Entre moedas emergentes, em particular, o cenário era mais negativo devido à queda do preço do petróleo bruto nesta segunda, uma vez que diminuíram os temores por uma escalada nas tensões do Oriente Médio após o Irã minimizar ataques israelenses durante o fim de semana.
Com isso, o dólar avançava ante o peso mexicano e o rand sul-africano.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,18%, a 104,190.
No cenário doméstico, o foco estava novamente no quadro fiscal, à medida que agentes financeiros esperam pelo anúncio de prometidas medidas de contenção de gastos públicos.
Mais cedo, analistas consultados pelo Banco Central subiram pela quarta semana consecutiva sua projeção para a alta do IPCA neste ano, com a expectativa agora ultrapassando o teto da meta de inflação perseguida pelo Banco Central de 4,50%.
O levantamento mostrou que a mediana das expectativas para a inflação ao consumidor no Brasil chegou a 4,55%, de 4,50% na semana anterior.
"Uma coisa que atrapalha o real ainda é o fiscal. Mercado espera algo mais concreto do que palavras. O governo perdeu essa credibilidade para falar sobre o fiscal", afirmou Suzuki.
A curva de juras brasileira mostrava certo alívio nesta segunda, com as taxas de DI recuando de forma sólida em vários dos vencimentos.