Dólar vai a R$4,79, caminha para maior alta diária desde março de 2020 e deixa real na lanterna global

Publicado 22.04.2022, 14:09
Atualizado 22.04.2022, 14:10
© Reuters. Notas de dólar
07/11/2016
REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar disparava bem mais de 3% nesta sexta-feira, chegando a superar os 4,79 reais nas máximas da sessão e deixando a moeda brasileira com o pior desempenho global no dia, conforme a perspectiva cada vez mais provável de endurecimento da postura de política monetária do Federal Reserve derrubando ativos de risco em todo o mundo.

Somava-se ao cenário externo arisco a cena política doméstica de novos atritos entre o presidente Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Às 14:03 (de Brasília), o dólar à vista avançava 3,76%, a 4,7922 reais na venda, rondando as máximas do pregão.

Na máxima do dia, a moeda subiu 3,85%, a 4,7965 reais. Caso mantivesse esse desempenho até o fim dos negócios, o dólar registraria sua maior valorização diária desde 18 de março de 2020 (+3,94%), quando ativos arriscados de todo o mundo colapsaram sob os temores relacionados à então recente crise do coronavírus.

Na B3 (SA:B3SA3), às 14:03 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 3,61%, a 4,8020 reais.

Por trás dessa movimentação, o chair do banco central dos Estados Unidos, Jerome Powell, afirmou na quinta-feira que um aumento de 0,5 ponto percentual nos juros estará "sobre a mesa" quando o Fed se reunir em maio, acrescentando que seria apropriado "agir um pouco mais rapidamente".

O comentário --que consolida a ampla expectativa de que o banco central norte-americano intensificará a dose de aperto monetário diante da inflação mais alta em quatro décadas-- levou o índice do dólar contra uma cesta de rivais fortes a tocar uma máxima em 25 meses nesta sexta-feira. O dólar ganhava terreno contra todas as principais moedas no dia, com exceção apenas do won sul-coreano.

Juros mais altos nos EUA elevam a atratividade de se investir na extremamente segura renda fixa norte-americana, o que tende a aumentar o ingresso de recursos na maior economia do mundo e, consequentemente, beneficiar o dólar.

Mas o real liderava as perdas globais, o que parte dos mercados associou à notícia de que o presidente Jair Bolsonaro anunciou um decreto concedendo perdão ao deputado Daniel Silveira por meio de uma "graça constitucional", um dia depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) condenar o parlamentar pelos crimes de coação no curso do processo e atentado ao ​Estado Democrático de Direito.

A medida, vista por muitos como uma afronta ao STF, tem potencial de abrir nova crise com a cúpula do Judiciário.

Alguns participantes do mercado também citaram movimento de ajuste no preço do dólar --que havia caído acentuadamente na quarta-feira-- na volta do feriado de Tiradentes. A moeda norte-americana à vista fechou a última sessão em queda de 1,03%, a 4,6186 reais na venda, maior desvalorização percentual desde 4 de abril.

O dólar estava a caminho de encerrar a semana, que teve os dias de negociações reduzidos pelo feriado, em alta de quase 2% depois de fechar a última quinta-feira em 4,6966 reais.

 

(Por Luana Maria Benedito)

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