Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subia e já superava os 4,19 reais nesta quinta-feira, acompanhando a trajetória da moeda norte-americana ante divisas de emergentes no exterior e após nova rodada de pesquisa reforçar o potencial do candidato do PT apoiado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno das eleições presidenciais de outubro.
Às 12:34, o dólar avançava 2 por cento, a 4,1905 reais na venda, depois de ter caído 0,65 por cento na véspera, para 4,1143 reais. Na máxima, a moeda foi a 4,1934 reais. O dólar futuro tinha alta de cerca de 2,1 por cento.
"Sem grande 'ajuda' do exterior, e ainda com dúvidas sobre as perspectivas políticas por aqui, o viés para os ativos locais, nesta sessão, é mais negativo", disse a corretora Guide Investimentos em relatório.
No mercado internacional, o dólar operava em alta ante a cesta de moedas e subia forte ante divisas de países emergentes, com destaque para a lira turca, o rand sul-africano e a rúpia indiana.
Internamente, o cenário eleitoral inspirava cautela nos investidores. A pesquisa DataPoder360 não trouxe um cenário muito diferente dos outros levantamentos, com Lula liderando a disputa e Geraldo Alckmin (PSDB), o candidato do mercado, sem decolar.
Além disso, mostrou que se Lula tiver que abrir mão da candidatura para Fernando Haddad, este teria potencial de receber 8 por cento de votos "com certeza", enquanto 26 por cento "poderiam votar" nele no caso de ser apoiado pelo ex-presidente. Ou seja, são grandes as chances de um segundo turno com a presença de um petista.
"Se esses números forem reais, a chance do candidato do PT chegar ao segundo turno são grandes. Triste perspectiva para o mercado financeiro, que trabalha em um ambiente de alta volatilidade, pressão e especulação com o atual cenário eleitoral", afirmou a Advanced Corretora em comentário.
É por essa razão que a possibilidade de julgamento na sexta-feira pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da participação de Lula na propaganda de rádio e televisão está sendo acompanhada de perto pelos investidores e ajuda a trazer cautela nos negócios.
O TSE também pode vir a decidir na sexta-feira sobre as impugnações ao registro de candidatura de Lula. O petista está preso desde abril no âmbito da Operação Lava Jato.
O Banco Central brasileiro realiza nesta sessão leilão de até 4,3 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares para concluir a rolagem do vencimento de setembro, no total de 5,255 bilhões de dólares.
Argentina aumenta juros a 60% ao ano
O governo argentino anunciou nesta quinta-feira que está buscando maneiras de acelerar uma redução de seu déficit fiscal e conter os riscos financeiros, mas no mercado a moeda sofria uma queda brusca ante o dólar.
Na abertura dos negócios, o peso argentino desabou 15,6 por cento, a 39 por dólar, alcançando uma nova mínima histórica e com uma perda de metade de seu valor no ano.
No meio do pacote de medidas para conter o colapso de sua moeda, o banco central argentino anunciou que elevou sua taxa de juros para 60 por cento, de 45 por cento, e que aumentou em cinco pontos percentuais a taxa de compulsório para bancos privados.
O banco central explicou, em comunicado, que adotou as medidas "em resposta à conjuntura cambial atual e ante o risco de que implique em um impacto maior sobre a inflação doméstica".
A Argentina atravessa uma forte crise financeira e acertou com o Fundo Monetário Internacional (FMI) um empréstimo de 50 bilhões de dólares, pelo qual o governo se compromete a reduzir seu déficit a 1,3 por cento do Produto Interno Bruto em 2019.
"Estamos trabalhando na instrumentação para adiantar nossas metas para o próximo ano para reduzir esse risco financeiro, o qual vai levar necessariamente à continuidade das discussões de como acelerar também o caminho até o equilíbrio fiscal", disse o chefe de gabinete, Marcos Peña, em um discurso num evento com empresários.