Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar ficou perto da estabilidade ante o real nesta quinta-feira, depois de oscilar entre altos e baixos num pregão de sinais mistos vindos do exterior.
A cotação no mercado à vista registrou variação positiva de 0,06%, a 5,1715 reais. Ao longo da jornada, foi de alta de 0,77%, a 5,208 reais, para queda de 0,76%, a 5,1291 reais.
Um fluxo mais robusto no mercado à vista em dia de volume menor em contratos de dólar futuro da B3 (BVMF:B3SA3) zerou quase toda a alta do dólar de mais cedo.
A clearing de câmbio da B3 registrava ao fim da tarde quase 2 bilhões de dólares em liquidação de operações de câmbio para dois dias (D+2), giro comparável ao visto no fim de junho. Já no mercado futuro, pouco mais de 228 mil contratos haviam trocado de mãos, 12% abaixo da média de um mês.
De forma geral, o mercado seguiu volátil e tentando decifrar os sinais da política monetária norte-americana, os riscos de desaceleração mais forte na China e em que medida o elevado juro no Brasil pode barrar posições especulativas de venda no real.
O dólar tinha um rali no exterior, mas em compensação as bolsas de valores em Nova York terminaram em alta, ainda que pequena. O petróleo subiu, e o principal índice das ações brasileiras garantiu sinal positivo no fechamento, acumulando ganho de mais de 10% neste mês.
"Não vemos muita assimetria (no preço da moeda), enquanto durar essa onda de otimismo lá fora... isso limita a depreciação do real, e estamos de olho no mercado internacional para eventualmente alterar posição", disse Marcos Mollica, gestor do Opportunity Total, principal fundo multimercado da Opportunity Asset.
O fundo gerido por Mollica está zerado em posições estruturais em câmbio, com o ativo negociado apenas de forma tática (no curtíssimo prazo). Segundo ele, no Brasil o período eleitoral é evento para o qual tradicionalmente tem-se pouco hedge, o que força uma redução da exposição dos fundos ao mercado brasileiro.
Em abordagens cíclicas táticas (dia) e cíclicas estratégicas (semana), o Morgan Stanley (NYSE:MS) diz que o dólar está em "bear market" (tendência de baixa) contra o real. Mas a aposta secular, que considera períodos de mês, é de "bull market" para o dólar, ou seja, de uma cotação em alta.
Considerando três cenários, mesmo no mais otimista para o real o dólar não cairia abaixo de 5,20 reais --portanto, estaria acima da cotação atual. No cenário-base, a taxa de câmbio estaria em 5,35 reais. No panorama mais forte para o dólar, a moeda bateria 5,70 reais.