Dólar passa a registrar leves baixas ante o real
Investing.com – O euro e o iene ampliaram as perdas frente ao dólar nesta quarta-feira, em meio à crescente incerteza política na França e no Japão.
Às 7 h de Brasília euro caía 0,3%, cotado a US$ 1,1620, após tocar uma nova mínima em seis semanas. A moeda europeia segue sob pressão desde a inesperada renúncia do primeiro-ministro francês Sebastien Lecornu, na segunda-feira, que mergulhou a segunda maior economia do continente em nova instabilidade política.
O premiê demissionário, que ainda conduz negociações de última hora para tentar formar um novo governo, deve se reunir hoje com o presidente Emmanuel Macron para relatar qualquer progresso.
Investidores observam de perto os desdobramentos, especialmente diante das incertezas sobre o futuro do elevado déficit fiscal francês. Edouard Philippe, primeiro-ministro de Macron em 2017, pediu que o presidente deixe o cargo “de forma ordenada” a fim de reduzir as tensões políticas. Lecornu, contudo, afirmou acreditar que um acordo orçamentário poderá ser alcançado até o fim do ano, cenário que diminuiria a probabilidade de uma eleição antecipada.
Analistas alertam que uma nova eleição traria riscos adicionais às reformas estruturais e à consolidação fiscal, fatores que poderiam exercer pressão adicional sobre o euro e sobre os títulos do governo francês.
Iene recua enquanto mercados avaliam vitória de Takaichi
A moeda japonesa desvalorizou 0,5% frente ao dólar, negociada a 152,71 ienes.
O movimento reflete a vitória de Sanae Takaichi na disputa pela liderança do partido governista, o que a coloca como provável próxima primeira-ministra. O mercado busca avaliar se, no cargo, Takaichi priorizará políticas de estímulo fiscal e monetário expansionistas, o que tende a enfraquecer o iene, mas favorecer o mercado acionário.
As apostas em um aperto monetário pelo Banco do Japão diminuíram, já que a vitória de Takaichi é interpretada como sinal de continuidade da política acomodatícia. Os rendimentos dos títulos japoneses, que variam inversamente aos preços, avançaram.
“Os mercados de taxas em iene já descartaram novos aumentos pelo Banco do Japão neste ano e agora projetam o próximo ajuste apenas para março de 2026”, observaram analistas do MUFG.
Dados fracos de salários e a resistência da equipe econômica de Takaichi em apoiar um aperto no curto prazo também reduzem o potencial de recuperação da moeda japonesa, acrescentaram.
Enquanto isso, o NZD/USD atingiu o menor nível em seis meses após o Banco de Reserva da Nova Zelândia cortar a taxa básica em 50 pontos-base, para 2,50%. A decisão, acima das expectativas de 25 pontos, teve como objetivo apoiar o crescimento econômico e manteve aberta a possibilidade de novos cortes.
Dólar avança com demanda por ativos de refúgio
O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda frente a uma cesta de pares, alcançou o maior patamar em cerca de dois meses, refletindo o aumento da busca por segurança diante da falta de progresso em Washington para um acordo de financiamento que permita reabrir o governo federal.
A paralisação parcial dos Estados Unidos, agora em sua segunda semana, vem deteriorando as perspectivas econômicas e reduzindo as apostas em novos cortes de juros pelo Federal Reserve neste ano. O presidente do Fed de Kansas City, Jeff Schmid, indicou nesta semana estar pouco disposto a promover novas reduções após o corte de 25 pontos-base em setembro.
Com a divulgação de indicadores suspensa pelo fechamento, a atenção do mercado se concentra na ata da reunião de setembro do Fed, a ser divulgada hoje.
“A ata do Fomc pode testar o fôlego do dólar”, avaliaram analistas do ING. “A percepção predominante após o corte foi de que a declaração e as projeções do Gráfico de Pontos tinham tom dovish, mas a coletiva de Jerome Powell trouxe cautela, afastando a leitura de um ciclo de cortes consecutivos. O documento mostrará onde está o consenso interno sobre juros, emprego e inflação.”
Em meio à busca global por segurança, os preços do ouro superaram a marca de US$ 4.000 por onça pela primeira vez.