O dólar operou em queda ante a maioria de suas moedas rivais nesta quinta-feira, sem fôlego diante do apetite por risco nos mercados acionários em Nova York, com investidores estimando que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) manterá o seu planejamento de retirada gradual dos estímulos monetários nos Estados Unidos mesmo com a forte aceleração inflacionária em maio. O euro, contudo, contrariou o movimento e caiu ante a divisa americana, após o Banco Central Europeu (BCE) decidir não alterar a sua política monetária.
O Dollar Index (DXY), que mede a variação do dólar ante seis pares, fechou em leve queda de 0,05%, aos 90,075 pontos. O índice foi pressionado pela recuperação da libra esterlina, que avançava a US$ 1,4171 no fim da tarde em Nova York, bem como pela queda do dólar a 109,36 ienes no mesmo horário. Por outro lado, o euro tinha baixa modesta a US$ 1,2174.
"O dólar ficou morno durante a sessão, apesar dos dados mostrando uma inflação mais acelerada do que o esperado no mês passado", define o economista sênior do Western Union Joe Manimbo, em relatório a clientes, se referindo ao índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de maio nos Estados Unidos, que registrou alta mensal de 0,6% e anual de 5,0%, maior avanço do indicador desde agosto de 2008.
A perspectiva de pressão inflacionária tende a favorecer a segurança da moeda americana, além de beneficiar o dólar porque aumenta a probabilidade de aperto na política monetária. Isto não ocorreu hoje, no entanto, e os mercados em NY registraram relativo apetite por risco, apesar do dólar ter registrado alta momentânea após a divulgação do CPI.
A avaliação geral de investidores é que a alta da inflação não será suficiente para o Fed acelerar seu processo de retirada de estímulos, e os dirigentes seguirão culpando "gargalos" na oferta e "fatores transitórios", segundo a Pantheon.
Na Europa, o destaque ficou por conta da manutenção das ferramentas de política monetária do BCE, incluindo as taxas de juros e o volume do Programa de Compras Emergenciais da Pandemia (PEPP, na sigla em inglês), segundo informou o comunicado de política monetária divulgado hoje. Apesar de ter ensaiado melhora ante o dólar mais cedo, em especial após a presidente do BCE, Christine Lagarde, expressar otimismo moderado quanto à recuperação econômica da zona do euro, a moeda comum voltou a operar sem força.
Já a libra esterlina liderou os avanços de moedas de países desenvolvidas ante o dólar e puxou a queda do DXY hoje, se recuperando após o Reino Unido expressar preocupações quanto ao lento avanço nas negociações com a União Europeia pelas regras comerciais da Irlanda do Norte no período posterior ao Brexit.
Entre emergentes, a lira turca teve forte alta ante o dólar, ajudada pela queda nos juros dos Treasuries e previsões do Goldman Sachs e da Fitch Ratings de que o banco central da Turquia só deve aumentar sua taxa básica de juro a partir do último trimestre de 2021, segundo reportou a agência Reuters. Perto do horário de fechamento dos mercados em NY, o dólar recuava a 8,4189 liras.