O dólar recuou ante seus dois principais rivais europeus, após dados fracos da indústria e do mercado de trabalho dos Estados Unidos ajudarem a alimentar a perspectiva de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) pode não ser tão agressivo diante do esfriamento da economia. Além disso, banqueiros centrais do Velho Continente continuam reforçando a necessidade de mais aperto monetário.
Por volta das 17 horas (de Brasília), o dólar avançava a 131,63 ienes, o euro subia a US$ 1,0956, e a libra tinha alta a US$ 1,2497. Já o índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, recuou 0,50%, aos 101,586 pontos.
As encomendas à indústria dos Estados Unidos registraram queda de 0,7% em fevereiro, na comparação com janeiro, quando a expectativa era de queda de 0,6%. Já a abertura de postos de trabalho caiu de 10,563 milhões em janeiro a 9,931 milhões no mês de fevereiro.
"Essa queda nas vagas de emprego sugere um esfriamento antes mesmo de qualquer aperto nas condições de crédito devido ao estresse bancário", disse Jake Remley, gerente sênior de portfólio da Income Research and Management.
Para o Commerzbank, o dólar pode continuar lutando, já que o payroll na sexta-feira provavelmente não aliviará as preocupações com o arrefecimento da economia dos EUA. "Embora os dados possam mostrar um mercado de trabalho relativamente apertado, provavelmente teria que ser 'fenomenal' para dissipar as preocupações econômicas", disse You-Na Park-Heger, analista de câmbio do Commerzbank. "É claro que isso não pode ser excluído, mas nossos economistas esperam uma nova desaceleração no número de novos empregos. Outros sinais de arrefecimento da economia apoiariam as expectativas do mercado de que o Fed poderia começar a cortar as taxas de juros no segundo semestre", conclui.
Entre as divisas europeias, a libra atingiu máxima em 10 meses em relação ao dólar, a US$ 1,2522 , estabelecendo-se como moeda relevante com melhor desempenho desde o começo de 2023. "O otimismo sobre a economia do Reino Unido tem melhorado nas últimas semanas, ajudando a impulsionar os ganhos recentes da libra", destaca a CMC Markets.
Na contramão do Fed, dirigentes de BCs europeus vêm mantendo a retórica firma de necessidade de altas de juros. Economista-chefe do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Huw Pill afirmou hoje que o conselho do BoE sinalizou em discurso que seria mais dependente dos dados, "mas não necessariamente uma pausa, menos ainda um ponto de inflexão" na política monetária. Já o membro do Banco Central Europeu Gabriel Makhlouf declarou que as taxas de juros precisarão ser mantidas a um nível restritivo para que a demanda seja contida.
*Com informações da Dow Jones Newswires