O dólar recuou ante rivais nesta quarta-feira, 22, com expectativa de maior aperto monetário pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelo Banco da Inglaterra (BoE), que fortaleceu as moedas europeias. Além disso, investidores acompanharam a decisão monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), elevando juros básicos em 25 pontos-base e aumentando temores sobre crescimento econômico mais fraco nos EUA.
Por volta das 17 horas (de Brasília), o dólar recuava a 131,27 ienes, o euro avançava a US$ 1,0874 e a libra subia a US$ 1,2288. O índice DXY teve queda de 0,88%, aos 102,346 pontos.
Após a decisão do Fed, o dólar acelerou perdas contra rivais, chegando a inverter o sinal e a recuar ante o iene. A elevação dos juros ampliou medos de que o ciclo restritivo impacte o crescimento da economia, considerando as recentes turbulências no sistema bancário.
Em coletiva de imprensa, o presidente do BC americano, Jerome Powell, afirmou que os acontecimentos nas últimas duas semanas "provavelmente resultarão em condições de crédito mais restritivas para famílias e empresas". Na mediana de projeções divulgada hoje, o Fed reduziu suas expectativas para crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA, de 0,5% para 0,4%.
Para o Goldman Sachs (NYSE:GS), o baixo desempenho do dólar não parece ser sustentável no curto prazo e representa a precificação de um choque dovish do Fed. O banco projeta que a moeda americana deve ter desempenho superior contra a maior parte das concorrentes, com exceção do iene e do franco suíço, caso as preocupações com o sistema financeiro continuem e as ações sejam vendidas de forma mais ampla.
Nesta manhã, a libra ganhou impulso contra o dólar após dados da inflação ao consumidor no Reino Unido virem acima do esperado, representando expansão das pressões inflacionárias. Segundo o ING, a persistência da inflação reforça a expectativa de uma alta na taxa de juros pelo BoE amanhã, embora ainda exista a possibilidade de uma pausa do ciclo de aperto na reunião de maio. Hoje, o banco central britânico divulgou uma carta aberta ao Comitê do Tesouro do Reino Unido, na qual alerta sobre riscos de que tensões bancárias externas possam afetar as condições econômicas do país.
Já a presidente do BCE, Christine Lagarde, reforçou que a inflação na zona do euro permanece alta e ressaltou que o banco central ainda não encerrou seu processo de alta das taxas de juros. As declarações fortaleceram o euro e ampliaram ganhos mesmo com o clima de cautela durante espera pela decisão do Fed.