O euro caiu nesta quinta-feira, após o Banco Central Europeu (BCE) manter a política monetária, como esperado, mas sinalizar que pode cortar os juros em junho, embora sem se comprometer com isso. O dólar, por sua vez, foi pressionado por números mistos do índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês), mas retomou fôlego em meio a declarações do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
No fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 153,19 ienes, o euro recuava a US$ 1,0729 e a libra tinha alta a US$ 1,2559. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou alta de 0,04%, a 105,282 pontos.
O BCE manteve os juros, mas sinalizou que em junho, com mais dados e projeções atualizadas disponíveis, pode chegar o momento de começar a cortá-los. A presidente do banco central, Christine Lagarde, porém, advertiu que cada decisão dependerá dos indicadores, sem se comprometer com rotas predefinidas. Ela também disse que as decisões do BCE não dependem do Fed.
Na avaliação do ING, o primeiro corte deve vir em junho, mas não está garantido, e o banco espera ainda postura hawkish, com preocupações de que a inflação possa reacelerar. Já a Capital Economics também espera primeiro corte em junho e afirma que, neste ano, a redução total deve ficar em 100 pontos-base. Já o Nordea previa menos relaxamento ao longo de 2024, com cortes de 25 pontos-base cada em junho, setembro e dezembro deste ano.
Na agenda de indicadores, o PPI subiu 0,2% em março ante fevereiro, abaixo da previsão de alta de 0,3% dos analistas ouvidos pela FactSet, com alta anual de 2,1%, ante expectativa de avanço de 2,2%. O núcleo do PPI teve alta de 0,2%, como esperado. Já na comparação anual, o núcleo do PPI subiu 2,4%, quando se esperava alta de 2,3%. Após o CPI, o Citi disse que continua a esperar corte de juros em junho pelo Fed.
O dólar perdeu força, após os números mistos do CPI. Por outro lado, a moeda americana retomou fôlego, em meio a falas do Fed. Presidente da distrital de Richmond, Tom Barkin afirmou que os números mais recentes "não aumentaram minha confiança" sobre a desinflação nos EUA. John Williams (Nova York) reafirmou o quadro incerto, que fará o Fed ser guiado pelos dados, e Susan Collins (Boston) via a política monetária atual "bem posicionada", defendendo abordagem "paciente" até o BC ter mais certeza sobre a desinflação e poder cortar juros.
Entre outras moedas, o ministro das Finanças do Japão, Shunichi Suzuki, demonstrou preocupação com a recente queda do iene. Segundo ele, movimentos cambiais excessivos não são desejáveis. Na avaliação de analistas, o Japão pode intervir no câmbio, após o iene ter atingido nesta semana mínimas em 34 anos. Especialistas dizem que a intervenção poderá ocorrer com a cotação do dólar entre 152 e 155 ienes.
Entre divisas emergentes, o dólar avançava a 865,9850 pesos argentinos. O Banco Central da República Argentina (BCRA) cortou sua taxa básica hoje, de 80% a 70%, diante da "pronunciada desaceleração" inflacionária no país. O BC do país ainda anunciou outras medidas, como flexibilização para acessar o mercado livre de crédito para pequenas e médias empresas.