Investing.com – O peso argentino tem um caminho difícil pela frente, alertou o ING na terça-feira, 15, depois que o candidato presidencial de extrema-direita Javier Milei surpreendeu ao vencer as eleições primárias, gerando incerteza em relação ao futuro econômico e político do país.
Milei, economista libertário que defende acabar com o peso e o banco central do país, conquistou 30% dos votos no último pleito, que funciona como uma espécie de teste para as eleições gerais previstas para 22 de outubro.
“O único caminho é para baixo”, alertou o ING, referindo-se à provável direção do peso, já que a vitória inesperada de Milei não só aumenta a incerteza sobre o cenário político do país, mas também sobre o relacionamento da Argentina com o Fundo Monetário Internacional.
“O FMI está analisando se aprova ou não a próxima parcela de US$ 7,5 bilhões de um programa de quatro anos no valor de US$ 44 bilhões”, completou o banco, ressaltando a fragilidade da economia argentina, depois que uma longa estiagem afetou o setor agrícola, principal fonte de renda e emprego do país.
As perdas totais decorrentes do impacto da seca recorde são estimadas em cerca de 3% do PIB argentino para o ano de 2023, de acordo com estimativas recentes do consórcio CREA, que representa um grupo de empresas agrícolas argentinas.
No entanto, na terça-feira, Milei declarou em uma rádio local que estava em conversas com o FMI sobre o acordo de empréstimo de US$ 44 bilhões do país, após um pedido do credor com sede em Washington para marcar uma reunião.
Após o resultado, o banco central da Argentina elevou as taxas de juros e desvalorizou sua moeda, fixando-a em 350 pesos por dólar até a eleição de outubro para conter preocupações com a moeda diante de uma escassez de fundos.
No entanto, as apostas em uma desvalorização ainda mais profunda da divisa não param de crescer, com o contrato futuro USD/ARS de um ano se aproximando de 1.000 pontos, segundo o ING. A instituição também enfatizou que “o caminho à frente parece ser desafiador para o peso”.