Por Nandita Bose e James Pearson (LON:PSON)
HANÓI (Reuters) - A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, voltou a acusar a China nesta quarta-feira de assediar vizinhos do sudeste da Ásia, a segunda vez em dois dias em que ela ataca Pequim durante uma visita regional no momento em que Washington tenta congregar parceiros da região para enfrentar a influência econômica e militar crescentes da China.
O Ministério das Relações Exteriores chinês reagiu ainda nesta quarta-feira e acusou os EUA de interferirem em assuntos regionais e perturbarem a paz. Mais cedo no mesmo dia, a mídia estatal chinesa acusou Kamala de tentar criar obstáculos entre a China e nações do sudeste asiático dizendo em Singapura que Pequim usou coerção e intimidação em suas reivindicações, que chamou de ilegais, sobre o Mar do Sul da China.
Falando em Hanói nesta quarta-feira, Kamala disse que existe uma necessidade de pressionar a China devido às suas reivindicações marítimas e ofereceu apoio ao Vietnã em várias áreas centrais, como a intensificação da segurança marítima para fazer frente à assertividade crescente de Pequim no Mar do Sul da China.
"Precisamos encontrar maneiras de pressionar, aumentar a pressão... para Pequim respeitar a Convenção das Nações Unidas sobre a Lei do Mar, e para desafiar suas reivindicações marítimas truculentas e excessivas", disse Kamala durante uma reunião com o presidente vietnamita, Nguyen Xuan Phuc.
A vice-presidente propôs ao Vietnã mais visitas de navios de guerra e porta-aviões dos EUA e vacinas e ajuda para enfrentar a Covid-19, e anunciou o lançamento de vários programas para ajudar a combater a mudança climática, de acordo com uma autoridade da Casa Branca que não quis ser identificada.
A viagem de sete dias de Kamala a Cingapura e ao Vietnã é parte de uma estratégia mais abrangente dos EUA para confrontar a China globalmente. China, Vietnã, Brunei, Malásia, Filipinas e Taiwan reivindicam partes das águas disputadas do Mar do Sul da China, que são cruzadas por rotas comerciais vitais e também contêm campos de gás e áreas de pesca abundantes.
A China está estabelecendo postos militares avançados em ilhas artificiais do Mar do Sul da China, e se opõe à passagem de navios de guerra estrangeiros pelo que afirma serem suas águas soberanas.
A Marinha dos EUA realiza com frequência operações de "liberdade de navegação" nas águas disputadas, às quais a China se opõe dizendo que estas não ajudam a promover a paz ou a estabilidade. Em 2016, o Tribunal de Arbitragem Permanente de Haia refutou a alegação chinesa, mas Pequim rejeitou o veredicto.
"Enquanto aponta o dedo para a China e a acusa de 'coerção' e 'intimidação', Harris ignorou deliberadamente sua própria hipocrisia ao tentar coagir e intimidar países regionais para que se unam a Washington em seu esquema para conter a China", disse o diário estatal China Daily em um editorial em resposta aos comentários de Kamala em Cingapura.
(Por Nandita Bose e James Pearson em Hanói e David Stanway em Xangai)