Investing.com - Em meio às dificuldades financeiras e diante do vencimento da concessão em 2026, a Light (BVMF:LIGT3) negocia uma possível renovação enquanto vem negando rumores de que entraria em recuperação judicial. Na visão do Inter, que divulgou relatório sobre o tema a clientes e ao mercado, se não houver renovação, seria algo incomum no segmento. Um dos grandes fatores de risco para a concessão é a alta alavancagem da empresa, segundo time de research, além da dificuldade do cumprimento de metas para perdas de energia.
Entre os possíveis motivos para uma possível não renovação, estariam dificuldades quanto à própria operação, principalmente os “gatos”, e as taxas de retorno menos atrativas. Metas complicadas, como de perdas de energia, podem limitar o apetite da Light pela renovação da concessão. O problema ocorre em relação às perdas não-técnicas, que estariam próximas de 50% no mercado cativo, diante de uma meta regulatória passando de 40,93% em 2022 para 37,4% em 2026.
Para o Inter, essa dificuldade “levanta questionamentos quanto à viabilidade de sucesso nesta linha”, pois o patamar acima do regulatório seria arcado como prejuízo pelos acionistas.
O indicador de dívida líquida/EBITDA estaria entre 3,5x-4x para o grupo Light como um todo, enquanto a média de seus pares é inferior a 3x, diz o Inter. “Embora o EBITDA tenha evoluído nos últimos anos, com melhor gestão de custos e maiores eficiências conquistadas pela empresa, tem-se investido mais, o que acaba consumindo caixa. Além disso, o consumo de energia tem caído no Rio de Janeiro ano após ano, situação que limita o avanço da geração de caixa da empresa”, destaca o relatório.
Além disso, as amortizações de dívida para próximos anos estão na média de R$ 2,3 bi até 2026. Com o caixa atual, capex previsto e a alta alavancagem, a empresa precisaria rolar a dívida, segundo o Inter.
“É neste contexto que a volatilidade acabou aumentando entre o fim de janeiro e início de fevereiro deste ano, uma vez que os bancos podem se mostrar reticentes renegociar ou ofertar novos recursos para a empresa, uma vez que uma não-renovação da concessão implicaria em liquidação da empresa”, completa.
As ações da Light encerraram o pregão desta quarta-feira em alta de 6,39%, a R$2,83.