SÃO PAULO (Reuters) -Disparos de arma de fogo interromperam nesta segunda-feira um evento de campanha do candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), na comunidade de Paraisópolis, zona sul da capital paulista, em um incidente que o candidato descartou ter motivação política ou eleitoral.
Segundo Tarcísio, os disparos seriam um recado de organizações criminosas e uma tentativa de intimidação. "Para mim é uma questão territorial, não tem nada a ver com uma questão política, não tem nada a ver com uma questão eleitoral, mas é uma questão territorial que acontece aqui em favelas em comunidades do Estado de São Paulo", afirmou em entrevista coletiva.
Inicialmente, em uma publicação no Twitter, Tarcísio chegou a afirmar que teria sido vítima de um "atentado", mas sua equipe de comunicação chamou posteriormente para uma entrevista coletiva do candidato na qual ele trataria da "tentativa de intimidação" sofrida por sua equipe.
O secretário de Segurança de São Paulo, general João Camilo Campos, disse acreditar que o episódio tenha sido uma reação à presença da polícia no local. A Polícia Militar respondeu de imediato à ocorrência e um homem, que tinha passagem na polícia por roubo, morreu, segundo o secretário.
De acordo com o general Campos, o incidente está sob investigação da polícia e nenhuma hipótese está afastada. Por ora, no entanto, com as informações disponíveis --classificadas por ele como "absolutamente preliminares"-- ele disse não ver indícios de um atentado, apontando que os disparos foram feitos em um local próximo de onde Tarcísio estava, não no local em si.
"Nenhuma hipótese é dispensada. Contudo, com os dados que nós temos até agora, eu não considero (atentado)", disse o secretário.
"No meu entendimento, aqui do general Campos, eu coloco na dinâmica dos fatos algo ainda tendo em vista o ruído de a polícia estar naquele ambiente", afirmou, acrescentando que havia na comunidade uma parcela de pessoas "contrárias à presença daqueles policiais que estavam ali".
Pouco depois do incidente, que ocorreu por volta de 11h40 segundo Campos, Tarcísio foi ao Twitter afirmar que havia sido alvo de um atentado.
"Em primeiro lugar, estamos todos bem. Durante visita ao 1º Polo Universitário de Paraisópolis, fomos atacados por criminosos. Nossa equipe de segurança foi reforçada rapidamente com atuação brilhante da @PMESP (Polícia Militar de São Paulo). Um bandido foi baleado. Estamos apurando detalhes sobre a situação", escreveu o candidato, ex-ministro da Infraestrutura.
Em nota, o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), que era candidato à reeleição e foi derrotado por Tarcísio no primeiro turno, disse que determinou a apuração do caso.
"Acabei de falar com Tarcísio de Freitas e ele e sua equipe estão bem. A polícia militar agiu rápido e garantiu a segurança de todos. Determinei a imediata investigação do ocorrido", afirmou Garcia.
Um pouco depois, em entrevista à CNN Brasil, Garcia disse que não é possível falar por ora se houve motivação política.
"Olha, não dá para saber se é um ataque de motivação política ou não. Por enquanto, não dá para a gente nem denominar isso como um atentado. Dá para denominar como uma tentativa de crime, foi graças à Deus, abordada pelos seguranças, que foi evitada", disse o governador.
Imagens divulgadas na mídia mostraram o som dos disparos e, posteriormente, o ex-ministro se abrigando em uma sala na comunidade.
Em Brasília, em entrevista coletiva, Bolsonaro comentou o episódio. O presidente disse que, fosse Tarcísio o alvo ou não, o incidente mostrou que o candidato a governador precisa ter uma maior preocupação com sua segurança.
Tarcísio foi o mais votado para o governo paulista no primeiro turno da eleição presidencial e lidera as pesquisas de intenção de voto no segundo turno, marcado para 30 de outubro, quando enfrentará Fernando Haddad (PT), que tem o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder das sondagens de opinião para a Presidência à frente de Bolsonaro.
(Reportagem de Eduardo Simões; Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello, em BrasíliaEdição de Alexandre Caverni e Pedro Fonseca)