O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu nesta 2ª feira (18.set.2023) uma maior abertura do Brasil ao que chamou de “green business”, em referência a negócios voltados à sustentabilidade.
“Nós temos que abrir o nosso país para o ‘green business’. Tornar o Brasil o porto de chegada do investimento que visa à sustentabilidade do planeta. A sustentabilidade social, a sustentabilidade das contas públicas”, disse.
Haddad falou sobre o assunto durante o evento “Brasil em foco: mais verde e comprometido com o desenvolvimento social”, promovido pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) e pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) em Nova York (EUA). O titular da Fazenda participou do painel “Transformação Ecológica – O Brasil e o mundo”.
Além dele, estiveram presentes:
- Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima;
- Ilan Goldfajn, presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
“O Brasil é um dos poucos países que pode colocar o ministro da Fazenda e a ministra do Meio Ambiente lado a lado e falando a mesma língua”, disse Haddad, em tom de brincadeira.
Ao falar sobre o agronegócio, o ministro mencionou que o setor já desenvolve iniciativas em consonância com a questão ambiental. “O Plano Safra já se combina com agricultura de baixo carbono”, afirmou. Ele disse ainda que o “agro já deu várias demonstrações de modernidade”.
“Às vezes, a gente olha para maus brasileiros que desmatam e corrompem a natureza, visando ao lucro fácil. […] Não existe divórcio entre sustentabilidade e desenvolvimento. Isso é coisa do passado e do equívoco do passado”, enfatizou o ministro.
Segundo ele, há “grande disposição” dos empresários do agronegócio para investir considerando a sustentabilidade.
“A agenda da pecuária e da agricultura modernas tem que também estar no nosso horizonte. E eu vejo uma grande disposição dos nossos empresários do agro em fazer os investimentos necessários para que a agricultura e a pecuária continuem tendo ganhos enormes de produtividade, mas com ganhos ambientais expressivos”, disse.
RECURSOS
Fernando Haddad afirmou que os investidores reagiram de forma “extraordinária” à apresentação sobre possibilidades de aplicação de recursos envolvendo sustentabilidade. Segundo ele, há fundos de investimento “trilionários com recursos abundantes para endereçar ao Brasil”.
O ministro também falou no Fundo Clima e na expectativa de captar inicialmente R$ 10 bilhões. “Nós queremos capitalizar o Fundo Clima justamente para financiar projetos verdes”, declarou. Ele disse que a questão ambiental coloca o Brasil na “dianteira”.
“Em termos geopolíticos, o Brasil está em condições de aproveitar a oportunidade”, afirmou.
O chefe da equipe econômica repetiu que a redução da taxa de juros “atrai investimento estrangeiro”. Mencionou a liderança de congressistas e medidas que dependem do Congresso, como reforma tributária e marco de garantias, além da aprovação da nova regra fiscal.
Na sua visão, isso ajuda a economia brasileira no longo prazo. Fernando Haddad também falou em parcerias com Ásia e a União Europeia: “Oxalá, o acordo Mercosul-União Europeia seja aprovado no 2º semestre”.
Haddad falou em expectativa de taxa de crescimento superior a 3% este ano. “O potencial já está sendo revisto por alguns”, afirmou.
AMÉRICA DO SUL
O ministro também avaliou a situação econômica de países sul-americanos. Citou a Argentina como uma das nações que tiveram de recorrer ao FMI (Fundo Monetário Internacional).
Ao mencionar a pandemia de covid-19, Haddad disse que o Brasil “sofreu menos os efeitos desses problemas do que os efeitos dos problemas internos que estão sendo superados”. As dificuldades do país foram mais “de natureza política”, na sua visão.
PETROBRAS
Haddad disse que a petrolífera brasileira “está com os olhos voltados para o futuro”. Ele fez elogios à parceria instituída entre a Petrobras (BVMF:PETR4) e a empresa de equipamentos eletrônicos WEG (BVMF:WEGE3) para desenvolver gerador eólico.
O ministro defendeu novas parcerias entre empresas públicas e privadas. “Nós precisamos de mais associações entre as empresas”, afirmou.