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Sem sucumbir a estresse, fundos não mexem na alocação em Petrobras após troca de comando

Publicado 09.06.2024, 09:01
Atualizado 10.06.2024, 12:43
© Reuters Sem sucumbir a estresse, fundos não mexem na alocação em Petrobras após troca de comando
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Os fundos de investimento viram suas posições em Petrobras (BVMF:PETR4) sacudirem nas últimas semanas, com altos e baixos em meio ao noticiário que envolveu a saída de Jean Paul Prates e a chegada de Magda Chambriard à presidência da estatal. Isso após o imbróglio envolvendo a distribuição dos dividendos extraordinários. No entanto, a volatilidade não incitou gestores a efetuarem movimentos bruscos na alocação, com a avaliação de que os riscos políticos estão na conta e é preciso monitorar a nova gestão.

Na Mantaro Capital, houve ajustes na posição em Petrobras enquanto ainda havia indecisão sobre o pagamento dos dividendos extraordinários. "Depois prevaleceu a visão mais preocupada com a política fiscal, os dividendos foram pagos e isso se provou ser um ruído desnecessário", disse Leonardo Rufino, sócio e gestor da Mantaro, ao Broadcast Investimentos. Mas ele destaca que foi naquele episódio que se começou a esperar uma queda iminente do Prates. "Ninguém ficou muito surpreso."

Desde a demissão do executivo, a Mantaro não mexeu nas ações da estatal e mantém a "posição moderada" de cerca de 5%, avaliando como um "exagero" as baixas sofridas pelos papéis logo após a saída de Prates e o anúncio da indicação de Magda. "A Magda fala com o mercado desde sempre. Ela pode ter as visões dela sobre desenvolvimento, mas não é nenhuma 'deslocada', muito pelo contrário", afirma Rufino.

Ele acrescenta ainda que a executiva era uma das cotadas para assumir a Petrobras após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, e "muita gente do mercado preferia ela ao Prates". "[A mudança de gestão] foi uma notícia negativa por fortalecer [o ministro de Minas e Energia] Alexandre Silveira e [o ministro da Casa Civil] Rui Costa e enfraquecer [o ministro da Fazenda, Fernando] Haddad, e eventualmente ela vai tentar acelerar os investimentos, com baixa chance de um bom retorno. Mas muito longe de ser algo 'material'", afirma Rufino.

A avaliação se dá porque os investimentos demoram a se concretizar. "Mudança de programa de investimento da Petrobras nunca foi um processo rápido", avalia Luiz Fernando Araújo, sócio e gestor da Finacap. "As proteções e mecanismos de blindagem que foram criados nos últimos anos ainda mitigam bastante esse risco."

Petrobras já foi o principal papel do fundo de ações da Finacap, chegando ao máximo de 15% do total, mas hoje está em cerca de 4%. Araújo conta ter diminuído a posição de forma "mais significativa" quando a ação começou a negociar acima de R$ 40, por conta de sua avaliação de preço versus assimetria de risco. Agora, mesmo próximo de R$ 35, o gestor vê o papel "muito volátil".

Os dois gestores aguardam os desdobramentos da gestão de Magda Chambriard e acreditam que podem haver "surpresas positivas".

Qual o maior risco para acompanhar?

O risco de intervenção política ainda é o maior a ser acompanhado na Petrobras, avaliam os gestores. "Difícil o maior risco não ser o governo 'meter a mão', e isso vale para qualquer governo, desde sempre. É uma empresa muito grande, mexendo com um assunto muito relevante e com muito dinheiro investido. Nenhum governo vai deixar 'solto'", destaca Rufino, da Mantaro.

Para Araújo, da Finacap, os problemas podem aparecer em uma situação de maior estresse - por exemplo, se o petróleo subir muito e for preciso repassar preços para os derivados. "Se subsídios forem necessários, pode haver uma destruição de valor muito rápida e que com certeza vai prejudicar a precificação da empresa no mercado", afirma.

Papel ainda é bom

As gestoras mantêm a posição em Petrobras porque o papel ainda é considerado bom. Rufino, da Mantaro, observa que se há alguma decisão a ser tomada a respeito é sobre redução da alocação, em vista da performance relativa forte em comparação ao resto do mercado.

Entre as petrolíferas, a Mantaro tem posição em Prio (BVMF:PRIO3) (ex-PetroRio) desde 2020, mas não motiva o investimento nela em virtude do que acontece na Petrobras, dado que "não se comportam como empresas do mesmo setor". "Não comparamos. Há tomada de risco demais quando se troca uma pela outra", diz Rufino.

Araújo, da Finacap, também vê "risco alto" na campanha exploratória de empresas que não têm o mesmo porte da Petrobras e prefere evitar.

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