Agente da PF, réu do núcleo da desinformação, diz que não falava com Bolsonaro

Publicado 24.07.2025, 08:41
Atualizado 24.07.2025, 12:10
© Reuters Agente da PF, réu do núcleo da desinformação, diz que não falava com Bolsonaro

Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal, o policial federal Marcelo Bormevet negou, na manhã desta quinta-feira, 24, as acusações da Procuradoria-Geral da República de que teria orientado investigações sobre adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro e, posteriormente, o disparo de notícias falsas nas redes sociais. Bormevet foi o primeiro réu do núcleo da desinformação da ação penal da trama golpista a depor.

"Não falava com o presidente Bolsonaro e nunca o encontrei", afirmou o agente federal.

A audiência é presidida pela juíza auxiliar Luciana Sorrentino, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), que atua no gabinete do ministro Alexandre de Moraes.

Bormevet é policial federal e, durante o governo Bolsonaro, atuou como um dos coordenadores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), sendo apontado como assessor de Alexandre Ramagem, então diretor-geral da agência.

First Mile Segundo a PGR, enquanto estava na Abin, Marcelo Bormevet atuava em uma "central de contrainteligência", utilizando ferramentas de investigação, como o programa "First", para espionar "adversários" do ex-presidente e, posteriormente, repassar informações para "vetores de propagação em redes sociais (perfis falsos e perfis cooptados)".

Ao ser confrontado sobre a acusação, Bormevet afirmou que "a coordenação não tinha acesso ao sistema First Mile".

"Eu nunca tive acesso ao sistema e meus subordinados não tinham acesso. Mas o Giancarlo tinha acesso ao sistema antes de chegar na minha coordenação."

Ele faz referência ao subtenente do Exército Giancarlo Rodrigues, alocado na Abin e seu subordinado direto. Na denúncia, a PGR aponta que Bormevet orientava Giancarlo, então seu subordinado, a fazer pesquisas de possíveis alvos. "O usuário GCL, utilizado por Giancarlo, foi diretamente responsável por 887 pesquisas no sistema First Mile, além de outros possíveis acessos realizados por meio de senhas compartilhadas", acusa a Procuradoria.

A PGR cita que Bormevet chegou a orientar o subtenente a fazer pesquisas sobre um inquérito que investigava um dos filhos de Bolsonaro, Jair Renan, a pedido do próprio presidente à época. "Bormevet informou a Giancarlo, na ocasião, que possuía demanda urgente e pediu que ele pesquisasse quais carros estão em nome do filho Renan do PR. Veja a mãe dele também, afirmando se tratar de msg do 01", apontou a denúncia.

Sobre o caso, Bormevet confirmou que recebeu a requisição para fazer pesquisas pela diretora-geral da Abin, mas nega que tenha cometido irregularidades. Ressaltou que não mantinha contato com o ex-presidente Bolsonaro.

Desinformação

A PGR aponta que Bormevet compilou um dossiê com informações inverídicas sobre as urnas eletrônicas e dos ministros do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso e Luiz Fux, com o objetivo de desacreditá-los e o processo eleitoral.

Segundo a denúncia, Bormevet enviou uma notícia que relacionava Fux e um escritório da família do ministro Luís Roberto Barroso ao Banco Itaú (BVMF:ITUB4) e ressaltava a participação acionária do banco na empresa Positivo.

"Independentemente da procedência da informação (Não sei se o sobrinho é sobrinho do Barroso mesmo), Bormevet orientou sobre como deveria ser feito o ataque aos ministros: Pode jogar no grupo dos malucos se quiser."

Ao responder questionamentos da PGR, o policial federal negou que tivesse relação com a produção de notícias falsas.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.