BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira, em entrevista a uma rádio mineira, "lamentar profundamente" o rompimento da barragem de mineração da Vale (SA:VALE3) em Brumadinho (MG), e que esse tipo de acidente poderia ter sido evitado.
"A gente lamenta profundamente o ocorrido. A gente sabe que, a princípio, esse tipo de acidente pode ser evitado, sim. Nós temos, só em Minas Gerais, em torno de 450 represas que acumulam esses resíduos que vêm da mineração", disse Bolsonaro à rádio Regional FM Brumadinho após o rompimento.
De acordo com o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, o rompimento de uma barragem da mina de ferro Feijão, da Vale, deixou cerca de 200 desaparecidos, após uma avalanche de lama de rejeitos de mineração atingir parte da comunidade da Vila Ferteco e a área administrativa da companhia.
Bolsonaro, que deve visitar o local atingindo no sábado, afirmou que há a possibilidade de o caso ser "mais grave do que a gente está pensando". O presidente destacou ter montado um gabinete de crise e avaliou que, ao citar o rompimento de outra barragem em Mariana (MG), em novembro de 2015, não esperava que houvesse outro episódio ocorresse.
"A gente esperava que não tivesse uma outra, né?, Até por uma questão de servir de alerta aquela, mas infelizmente temos um problema agora que atingiu o rio Paraopebas, que é um afluente do rio são Francisco", disse.
Na entrevista, Bolsonaro afirmou estar em contato com os ministros do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto; do Meio Ambiente, Ricardo Salles; e de Minas Energia, almirante Bento Costa Lima Leite; e também com o secretário Nacional da Defesa Civil, coronel Alexandre Lucas, colhendo informações sobre o rompimento.
"Vamos tentar diminuir o tamanho do mal que essa barragem aí, ao se romper, proporciona junto ao meio ambiente e junto à população de maneira geral", afirmou.
Questionado sobre o impacto ambiental após o rompimento também de Mariana, Bolsonaro avaliou que "algo está sendo feito errado ao longo dos tempos".
O presidente disse que a questão da Vale "não tem nada a ver com o governo federal". "Apenas cabe a nós a fiscalização, por parte do Ibama, que é um órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, e buscar meios para se antecipar a problemas", disse.
"Mas esses meios partem primeiramente da empresa que executa a obra, e só em Minas são 450 represas parecidas, como essa, e no Brasil todo são quase 1.000. Então é um número enorme", completou, logo após a ligação do presidente para a rádio ter caído.
O porta-voz da Presidência da República, general Otávio Santana do Rêgo Barros, afirmou um pouco antes que Bolsonaro deve ir no sábado para a região de Brumadinho e lamenta "eventuais perdas de vidas" ocasionadas pelo acidente, que classificou como "lastimável".
(Por Ricardo Brito)