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Cunha e pedido de impeachment perdem força na Câmara, avalia líder governista

Publicado 22.02.2016, 18:54
© Reuters. Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, durante café da manhã com jornalistas
PBR
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Por Maria Carolina Marcello

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff perderam força à medida que avança o trâmite do pedido de afastamento do deputado no STF, avaliou nesta segunda-feira uma liderança aliada ao governo.

Segundo esse parlamentar, que prefere não ser identificado, também contribui para o enfraquecimento de Cunha a derrota do seu candidato a líder do PMDB na semana passada.

Se no ano passado o presidente da Casa comandava uma ala de 200 deputados e impunha derrotas sucessivas ao governo, atualmente teve seu poder reduzido pela metade, a 100 parlamentares, na avaliação do líder.

Isso limita seus movimentos para colocar o governo em xeque, já que controla menos votos, e tem influência direta em seus planos envolvendo o impeachment. Um pedido para afastar a presidente precisa de 342 votos no plenário da Câmara para ser aprovado.

"O impeachment, esse morto-vivo, ainda vai continuar perambulando por aí, mas perdeu a força", disse a liderança.

A diminuição da força de ataque de Cunha deve-se em parte à vitória de Leonardo Picciani (PMDB-RJ), em campo oposto ao presidente da Câmara e reconduzido ao posto de líder da bancada do PMDB na semana passada. O presidente da Câmara apoiou abertamente o deputado Hugo Motta (PMDB-PB), mas perdeu a disputa, dentro de seu próprio partido.

"A conjuntura mudou muito, Cunha apostou muito na eleição do Hugo Motta", afirmou.

Além da semana desfavorável no âmbito político, o deputado fluminense também recebeu más notícias após movimentações do Judiciário.

Na terça-feira, Cunha foi notificado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o pedido de afastamento do mandato e da presidência da Câmara, e tem até a sexta-feira desta semana para apresentar sua defesa.

Além disso, o ministro do STF Teori Zavascki, responsável pelas investigações da Lava Jato sobre irregularidades na Petrobras (SA:PETR4), liberou para julgamento em plenário a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o parlamentar, acusado de ter recebido 5 milhões de dólares em propina no esquema de corrupção da estatal.

Na avaliação do líder governista, a expectativa é que Cunha seja afastado até o fim de março, data considerada ideal também para encerrar as discussões sobre o impeachment de Dilma. Aponta, inclusive, que já se discute, nos bastidores, quem poderia ser o representante da base para disputar a presidência da Casa.

O governo irá precisar dos aliados para aprovar uma série de medidas prioritárias para o ajuste das contas públicas, caso da recriação da CPMF.

Apesar do prognóstico de que o clima é menos negativo no Congresso, a liderança aliada admite, no entanto, que a mais recente fase da operação Lava Jato, que resultou no pedido de prisão do marqueteiro João Santana nesta segunda-feira, dará "um gás" às tentativas da oposição de cassar a chapa de Dilma e do vice-presidente Michel Temer, vencedora na eleição presidencial de 2014, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Santana, que trabalhou nas duas campanhas de Dilma e na reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, teve pedido de prisão decretado em nova etapa da operação Lava Jato, sob suspeita de ter recebido pagamentos ilegais milionários no exterior. [nL2N161178]

© Reuters. Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, durante café da manhã com jornalistas

"O impeachment perdeu o foco, até mesmo a oposição sabe disso. Por isso recorreram ao TSE."

(Com reportagem de Anthony Boadle e Sílvio Cascione; Edição de Maria Pia Palermo e Eduardo Simões)

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