BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou nesta terça-feira que não deixará a semana terminar sem que tenha dado andamento ao pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, que tramita na Casa.
O deputado aguarda apenas que o Supremo Tribunal Federal (STF) analise recursos apresentados por ele, o que deve ocorrer a partir da quarta-feira.
“Não deixaremos essa semana terminar sem que o passo seguinte tenha sido tomado”, disse o presidente da Câmara a jornalistas.
“Imediatamente após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), eu darei a celeridade que o processo tem que ter”, afirmou, acrescentando que tomará “muito cuidado” para preservar a “legalidade, o regimento, as leis” e a decisão que o STF vier a tomar.
Segundo Cunha, os líderes de bancada devem reunir-se logo após o Supremo se pronunciar sobre o tema, em julgamento que pode ser estender para a quinta-feira.
“Eu lhe garanto que nessa semana nós terminaremos, a menos que o Supremo não decida. Se o Supremo decidir, mesmo amanhã ou até quinta-feira, por alguma dificuldade, se terminar, extrapolar a hora, nós faremos na sexta-feira”, disse Cunha.
O presidente preferiu não comentar as menções a seu nome em delação do senador Delcídio do Amaral (MS), que pediu a desfiliação do PT, homologada pelo STF e divulgada nesta terça-feira.
Afirmou, no entanto, que manteve como hábito, pelas atividades de seu cargo, relações com presidentes de bancos, caso do banqueiro André Esteves, do BTG Pactual (SA:BBTG11), investigado pela Lava Jato.
Na delação, o senador afirma que Cunha era o "menino de recados" de Esteves, principalmente quando se tratava de assuntos do interesse do BTG.
Sobre a entrada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ministério de Dilma, que ainda precisa ser oficializada pelo Palácio do Planalto, Cunha avaliou que a mudança não vai melhorar o diálogo do governo com sua base aliada no Congresso.
“Eu acho muito pouco provável que melhore, porque a deterioração da base do governo ela já está em tal nível que acho difícil a reversão”, disse o deputado.
“Eu acho que não tem mais ninguém que possa chegar e mudar essa relação.”
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)