Por Rodrigo Viga Gaier e Pedro Fonseca
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O empresário Eike Batista foi preso pela Polícia Federal logo depois de desembarcar no Rio de Janeiro na manhã desta segunda-feira e foi levado para um presídio em Bangu, na zona oeste da cidade, após ter a prisão decretada pela Justiça por suspeita de pagamento de propina milionária ao ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral.
Eike ficará em uma cela compartilhada na cadeia pública Bandeira Stampa, conhecida como Bangu 9, no Complexo Penitenciário de Gericinó, de acordo com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap). Como não tem curso superior completo, o empresário não tem direito a uma cela especial.
A Polícia Federal inicialmente levou o ex-bilionário para o presídio Ary Franco, em Água Santa, na zona norte do Rio, onde Eike ficou cerca de duas horas e teve a cabeça raspada, como todos os outros detentos do sistema prisional do Estado.
A transferência para Bangu foi uma medida administrativa, uma vez que a prisão de Água Santa funciona apenas como uma "porta de entrada" para presos federais, de acordo com a Seap.
O advogado de Eike, Fernando Martins, disse a jornalistas na porta do presídio Ary Franco que há uma preocupação da defesa com a integridade física do empresário e que estão sendo tomadas as "cautelas necessárias", mas não forneceu detalhes.
O advogado disse que ainda não teve contato com Eike desde o retorno ao Brasil e que vai aguardar até conversar com seu cliente para estabelecer as estratégias da defesa.
"Ele acabou de chegar, a defesa ainda não teve acesso a ele, nós vamos aguardar conversar com o cliente, de forma que não podemos adiantar a linha de defesa que será adotada", disse a jornalistas.
Eike, que era considerado foragido desde a semana passada, embarcou na noite de domingo em Nova York de volta ao Brasil para se entregar às autoridades, e disse que iria "ajudar a passar as coisas a limpo".
"Estou voltando e vou responder à Justiça, como é o meu dever", disse em entrevista à Globonews no aeroporto nos EUA. "O sentimento é que tem que se mostrar o que é, está na hora de eu mostrar e ajudar a passar as coisas a limpo."
Carros da Polícia Federal estavam na pista do aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim à espera do desembarque do empresário, que foi rapidamente retirado da aeronave e levado em um veículo preto da PF para o Instituto Médico Legal (IML), de onde seguiu para o presídio Ary Franco.
Eike, que já foi um dos homens mais ricos do mundo, é acusado de ter pago propina de 16,5 milhões de dólares ao ex-governador Sérgio Cabral em troca de obter vantagens para seus investimentos no Estado durante os dois mandatos de Cabral, que está preso em Bangu desde novembro.
A PF tentou prender Eike na casa do empresário na zona sul do Rio na semana passada, mas o empresário não foi localizado por ter viajado dois dias antes para Nova York, usando um passaporte alemão.
A PF chegou a incluir o nome do ex-bilionário na lista de fugitivos da Interpol.
O mandado de prisão para Eike foi expedido pela Justiça Federal como parte da operação Eficiência, que investiga um esquema de corrupção liderado por Cabral que teria ocultado cerca de 100 milhões de dólares no exterior, de acordo com as investigações.
Eike era o homem mais rico do Brasil há menos de cinco anos, com fortuna calculada em cerca de 30 bilhões de dólares, mas foi fortemente atingido pela queda dos preços de commodities e sofreu com o colapso de seu grupo EBX, um conglomerado de companhias de mineração, energia, construção naval e logística.
As petrolíferas Óleo e Gás Participações (OGPar) e OGX (SA:OGXP3) e a mineradora MMX (SA:MMXM3) informaram em comunicados que seus negócios não são afetados pela prisão do empresário.