Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - Integrantes do PMDB, partido presidido pelo vice-presidente Michel Temer e maior aliado do governo, mantiveram silêncio e evitaram comentar as recentes turbulências políticas com a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Polícia Federal nesta sexta-feira.
O único peemedebista a se manifestar sobre o episódio, na condição de chefe de um dos poderes da República, foi o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), por meio de nota.
Na declaração distribuída à imprensa, Renan afirmou que o país passa por período delicado e defendeu respeito à legalidade. Recomendou “serenidade” e "bom-senso” aos homens públicos, defendeu que as instituições guardem “os limites de suas atribuições” e afirmou ainda que qualquer radicalização será um “desserviço” ao país.
No mais, as principais lideranças e dirigentes do partido mantiveram discrição, sem manifestar posições em redes sociais ou dar declarações à imprensa.
Temer, que cumpriria agenda neste fim de semana no Rio Grande do Sul e em São Paulo, mudou o itinerário e cancelou os compromissos, mas não se pronunciou sobre a operação da Polícia Federal desta sexta-feira.
Na avaliação de uma fonte do partido, os integrantes da legenda estão esperando a poeira baixar para avaliar melhor a situação. Por essa leitura, como o clima está carregado, e pela experiência dos políticos peemedebistas, não é hora para grandes movimentos.
Pesam na conta para delinear uma ação os recentes acontecimentos, como a última fase da operação Lava Jato que conduziu Lula coercitivamente para prestar depoimento, mas também a notícia na véspera de suposta delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), citando Lula e a presidente Dilma Rousseff.
Outro fato político que também tem influência no desenho do cenário é a recente decisão unânime do pleno do Supremo Tribunal Federal (STF), na quinta-feira, de aceitar uma denúncia contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por suposto recebimento de 5 milhões de dólares em propina relacionada a contratos de navios-sonda para a Petrobras (SA:PETR4).
Nesta sexta, a Procuradoria-Geral da República ofereceu nova denúncia contra o deputado, por suposto recebimento de propina na Suíça.
Rompido com o Planalto desde julho do ano passado, Cunha defende que o partido desembarque do governo, decisão que deve ser levada à convenção nacional do PMDB no dia 12 de março. Resta saber o tamanho do impacto que as decisões da Justiça podem ter tido sobre o parlamentar.
Em meio a tantas reviravoltas, a postura adotada pelos peemedebistas, experientes políticos, tem sido a de apenas observar e avaliar o cenário, para então definir que rumo tomar.