Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - O governo do Estado de São Paulo promoverá em julho reuniões com investidores na China, na Europa e na Ásia para buscar interessados na elétrica paulista Cesp (SA:CESP6), cujo leilão de privatização está previsto para setembro deste ano, disse à Reuters nesta terça-feira uma fonte com conhecimento direto do assunto.
A viagem deverá contar com representantes da Secretaria da Fazenda de São Paulo, da Cesp e do Banco Fator, que foi contratado para assessorar o processo de venda do controle da empresa, e o foco será apresentar a oportunidade de negócio a investidores estratégicos e financeiros na China e na América do Norte e a investidores institucionais na Europa.
Em paralelo, haverá ainda apresentações para grupos brasileiros, sendo que alguns desses já chegaram a demonstrar interesse na transação, de acordo com a fonte, que falou sob a condição de anonimato porque as conversas não são públicas.
Atualmente, a equipe responsável pela privatização está atualizando os estudos sobre o preço que será fixado para as ações da elétrica estatal que serão vendidas, o que deverá ser divulgado no edital definitivo do processo, que deve ser publicado na primeira semana de agosto.
Esse preço, disse a fonte, deverá levar em consideração a expectativa de que o novo controlador da Cesp receberá indenizações do governo federal após o vencimento das atuais concessões das três hidrelétricas operadas pela empresa, em 2020, 2021 e 2028.
Além disso, a Cesp tem mantido uma disputa judicial com o governo federal para exigir uma indenização maior por usinas que tiveram as concessões vencidas nos últimos anos e já foram inclusive devolvidas à União e relicitadas.
Segundo a fonte, o edital da privatização terá uma cláusula para prever um "earn-out", caso o novo controlador consiga elevar os valores dessas indenizações, que foram reconhecidos pelo governo em 1,95 bilhão de reais.
A Cesp defende na Justiça que teria direito a cerca de 8,25 bilhões de reais por investimentos feitos nessas usinas e que ainda não haviam sido amortizados.
"Na negociação (com o novo controlador), se houver qualquer ganho, haverá um earn-out para os atuais acionistas da empresa... isso vai estar no edital", disse a fonte.
Ainda de acordo com a fonte, não há grande preocupação sobre os efeitos da crise política do Brasil sobre o leilão, uma vez que o negócio oferecerá rentabilidade e uma boa relação entre risco e retorno.