Governo fará esforços para mineração em reservas indígenas no Brasil, diz secretário

Publicado 13.03.2019, 18:30
© Reuters. Alexandre Vidigal de Oliveira, secretário de Mineração do Ministério de Minas e Energia, em entrevista à Reuters em Brasília

Por Jake Spring

BRASÍLIA (Reuters) - O governo brasileiro quer aprovar regras que permitam a mineração em reservas indígenas, que ocupam 13 por cento do território do país, e espera que o Congresso reconsidere uma proposta de décadas para fazê-lo, disse à Reuters o secretário de Mineração do Ministério de Minas e Energia.

Alexandre Vidigal de Oliveira deu a declaração após ser questionado sobre comentários feitos na semana passada pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que disse que o Brasil buscaria abrir reservas indígenas para a mineração, durante evento nos Estados Unidos.

As declarações de Albuquerque provocaram uma resposta furiosa de defensores de indígenas, que disseram que foi desrespeitoso depois que o país sofreu o maior desastre de mineração, com a morte de centenas em janeiro, pelo colapso da barragem da Vale (SA:VALE3) em Minas Gerais.

O Conselho Indigenista Missionário disse na segunda-feira que "repudiou, com veemente indignação" a proposta de Albuquerque e criticou a administração do presidente Jair Bolsonaro, que assumiu o cargo em 1º de janeiro e prometeu abrir mais do país à mineração.

"Ao humilhar, mundialmente, os povos indígenas do Brasil, o governo Bolsonaro humilha a própria nação brasileira", afirmou em um comunicado.

Oliveira defendeu a mineração em reservas indígenas de maneira ambientalmente sustentável, trazendo o crescimento econômico necessário.

"Nós estamos falando em exploração para gerar riqueza para todos, inclusive para os povos indígenas", afirmou Oliveira.

A Constituição do Brasil de 1988 afirma que a mineração só pode ser realizada em áreas indígenas sob regras aprovadas pelo Congresso que garantam que as comunidades indígenas se beneficiem, e não por qualquer tipo de decreto presidencial.

Mas o Congresso nunca estabeleceu tais regras, efetivamente proibindo a prática.

O Congresso pode reativar um esforço legislativo que existe desde a década de 1990 e que estabeleceria regras para a mineração em reservas indígenas, disse Oliveira.

"Desde 96, tem um projeto lei tratando isso. Lá atrás nós tivemos certamente um cenário que essa discussão pode não ter despertado interesse", afirmou.

"Hoje nós temos uma necessidade de crescimento econômico, uma necessidade de abrir novas fronteiras para o Brasil produzir riqueza, que pode sensibilizar mais essa discussão."

Oliveira se recusou a dar um cronograma para a aprovação do projeto de lei no Congresso, dizendo que é critério da legislatura, e que Bolsonaro deve priorizar itens em sua agenda legislativa.

Separadamente, o governo tentará acabar com a proibição de empresas estrangeiras controlarem participações em operações de mineração dentro de 150 quilômetros de fronteiras internacionais, disse Oliveira. Essa lei é remanescente da ditadura de 1964-1985 do Brasil, quando o governo temia a invasão estrangeira em suas fronteiras.

Essa medida exigirá que o Congresso aprove a redução da participação doméstica mínima de 51 por cento para as empresas de mineração que operam na zona de fronteira, disse ele.

(Reportagem de Jake Spring)

((Tradução Redação Rio de Janeiro, 5521 2223-7104)) REUTERS MN RS

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.